Todas as derrotas têm um sabor amargo, mas a derrota que o Benfica sofreu em Munique, diante do Bayern (1-0), na primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, terá um sabor especialmente amargo tendo em conta as situações de perigo criadas (e desperdiçadas) pela equipa de Rui Vitória. A desvantagem mínima é um mal menor para os “encarnados”, que têm na próxima quarta-feira, na Luz, a oportunidade de dar a volta à eliminatória. Pelo equilíbrio que se viu na partida de Munique, esse pode não ser um cenário assim tão descabido.
O Bayern colocou-se em vantagem no marcador extremamente cedo, mas quem partisse daí para adivinhar um resultado dilatado, enganou-se: o Benfica, que entrou em campo exactamente com o mesmo “onze” que na sexta-feira goleou (5-1) o Sp. Braga, conseguiu equilibrar os acontecimentos ao fim de algum tempo e ainda pregou alguns valentes sustos à defesa bávara. Jonas, que viu cartão amarelo e vai falhar o jogo da segunda mão, por castigo, foi o protagonista das mais flagrantes oportunidades de golo criadas pelos “encarnados”. Mas não era a noite do avançado brasileiro, que em nenhuma das ocasiões conseguiu mostrar a eficácia a que já habituou os adeptos.
Com uma intensidade sufocante desde o apito inicial, o Bayern rapidamente recolheu frutos dessa postura, tendo-se adiantado no marcador quando tinha decorrido pouco mais de um minuto. Arturo Vidal colocou a equipa de Pep Guardiola em vantagem quase sem ter de saltar para corresponder ao cruzamento de Bernat na esquerda: o chileno foi mais rápido, antecipou-se a Eliseu e cabeceou para o fundo da baliza de Ederson.
Tão cedo e já em desvantagem, o Benfica passou por momentos de desorientação e pode agradecer ao seu jovem guarda-redes pelo facto de o Bayern não ter ampliado o resultado nos minutos seguintes, quando os “encarnados” estiveram encostados às cordas. Ederson travou um remate de Douglas Costa (10’), depois mostrou coragem numa saída aos pés de Lewandowski (16’), que ameaçava após passe de Lahm, e voltou a brilhar aos 20’, afastando o remate potente de Müller.
O primeiro sinal de relativo perigo por parte do Benfica surgiu quase a meio da primeira parte, com Mitroglou a cabecear muito ao lado, na sequência de um cruzamento de André Almeida. Os “encarnados” queixaram-se de um penálti por assinalar num lance, aos 29’, em que Gaitán colocava a bola na área perante a oposição de Lahm – o defesa, no chão, viu a bola tocar-lhe no braço esquerdo, mas o árbitro entendeu que não houve um movimento deliberado.
Tendo-se libertado da pressão inicial do Bayern, o Benfica conseguiu terminar o primeiro tempo em bom plano e ficou perto do empate mesmo antes do intervalo: Mitroglou deu a bola a Gaitán, que em excelente posição fez um disparo potente, mas Arturo Vidal estava no caminho da bola e evitou males maiores para a baliza de Neuer.
Era um sinal do que estava para vir na segunda parte. Lindelöf começou por destacar-se com um grande corte, quando Lewandowski se preparava para finalizar, e depois a acção transferiu-se para perto da baliza de Neuer. Jonas teve a primeira bola de golo aos 57’, quando, depois de se livrar de Alaba, ficou cara-a-cara com o guarda-redes alemão. Mas faltou frieza ao avançado, cujo remate saiu à figura. O assédio do Benfica não abrandou e Jonas voltou a ter o empate nos pés: o cruzamento foi de André Almeida, mas o remate acertou em cheio no corpo de Javi Martínez. No ressalto, nem Mitroglou nem Jonas conseguiram emendar da melhor forma.
Faltou eficácia ao Benfica para evitar aquela que foi apenas a segunda derrota nas últimas 23 partidas em todas as competições. Apesar do conhecimento dos “encarnados” evidenciado por Pep Guardiola na antevisão da partida, a equipa de Rui Vitória foi capaz de surpreender os bávaros. E, mesmo sabendo que o Benfica nunca ganhou ao Bayern, pode alimentar esperanças de discutir a eliminatória, na Luz.
Publico - Portugal
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