29.4.16

Cabo Verde - Chacina no Monte Txota: "Antany" pretendia matar comandante 3ª Região


Chacina Monte Txota:

O assassino das onze pessoas em Monte Txota pretendia eliminar algumas chefias militares na cidade da Praia, entre os quais o comandante da 3ª Região Militar, o tenente-coronel Carlos Monteiro, e o padrasto. Querendo ainda despedir-se da irmã, foi este o motivo que o levou a fazer um taxista refém durante umas três horas, até pouco antes de ser capturado.

Estas informações foram avançadas à TCV pelo taxista Rodney mantido refém por Manuel António "Antany" Silva Ribeiro. Após prestar declarações à Polícia Nacional, Rodney revelou que, enquanto foi mantido refém, o soldado, suspeito de ser o responsável pelo massacre de Monte Txota, lhe contou que as suas próximas vítimas seriam as chefias das Forças Armadas, entre as quais o comandante da 3ª Região.

Segundo o taxista relatou, um seu passageiro tinha acabado de descer em frente aos Bombeiros quando "Antany" entrou no seu carro, disfarçado com uma peruca e um chapéu. De início não o reconheceu como o soldado procurado pela polícia. Mas começou a suspeitar por causa do mau-cheiro que o indivíduo exalava. Quando tentou esquivar-se alegando que ia buscar um outro cliente, "Antany" manipulou a arma e disse-lhe que iam fazer uma missão e o taxista teria de lutar pela própria vida, fazendo tudo o que lhe ia ser mandado fazer.

Apesar do receio, Rodney não só tentou obedecer às suas ordens mas também ganhar a confiança do perigoso indivíduo. E o taxista conseguiu deixar "Antany" tão confiante que este acabou por lhe contar que estava a ser procurado por causa do assassinato das onze pessoas em Monte Txota. Daí, pediu-lhe para o levar para um local isolado porque estava cercado pela polícia. “O seu objectivo era ir à zona de Portinho, que é um local muito isolado. Mas fiquei com receio de, chegado lá, ele me matar e deixar o meu corpo por ali, como queima de arquivo. Disse-lhe que, se ficássemos parados em um lugar, automaticamente a PN poderia suspeitar de nós. Ele concordou e decidimos então ficar dentro da cidade da Praia, sobretudo na zona baixa. Estivemos três horas a circular”.

Foi durante esse tempo que "Antany" pediu ao taxista para ver se conseguia arranjar-lhe algum dinheiro e um lugar para ficar. Rodney disse-lhe que tinha um amigo a quem podia pedir a chave de um quarto e algum dinheiro. “Fomos então à casa desse meu amigo e foi de lá, do terraço da sua casa, que chamei a polícia. Esta demorou cerca de 25/30 minutos para chegar. Ele tentou arrancar o carro, mas como não sabia conduzir, quebrou a viatura. Tentou fugir, mas foi capturado pela polícia”, acrescenta.

Entretanto, apesar de todas estas explicações, ainda existem muitas "zonas de sombra" nesta história. Por exemplo, a que abusos em concreto "Antany" se referia e porquê decidiu exactamente naquele dia agir? Se realmente não sabia conduzir, como disse o taxista, como é que ele conseguiu dirigir o carro alugado pelos espanhóis até chegar à Cidadela?

A Semana - Cabo Verde

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