Não, não é piada... Para os estrangeiros é mesmo ele a personalidade portuguesa de destaque....Não é para admirar, pois não... Os novos valores em Portugal rimam co traicão!
Preparem-se: o ministro das Finanças vai
falar ao país. Calma, desta vez não é verdade. Mas muitos textos podiam ter
começado assim em 2012. Sempre que Vítor Gaspar se preparava para anunciar novas
medidas, os portugueses colavam-se à televisão à espera das más notícias. E elas
chegavam. E voltavam a chegar. Va-ga-ro-sa-men-te.
Vítor Gaspar foi a figura nacional do ano porque foi o rosto da austeridade. Os aumentos de impostos, os cortes nos salários e pensões, as experiências falhadas que introduziram no vocabulário de café siglas como TSU e IMI. Tudo isto teve sempre em Gaspar o rei mago portador das intenções do Governo. Passos Coelho diz que é ele o seu «número 2», mas às vezes parece mais.
Foi também ele quem deu o peito às balas dos credores. Foi a Berlim, a Londres, aos Estados Unidos, a cimeiras e reuniões decisivas do Eurogrupo. Prometeu sempre que «o bom aluno» ia cumprir. A derrapagem na execução orçamental, a queda da receita fiscal e a necessidade de pedir mais tempo para atingir o défice exigido foram sendo contornadas com novas promessas de recuperação e uma ameaça: ou isto, ou a bancarrota, a saída do euro e da União Europeia e o caos.
E recebeu elogios por isso. O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, com quem protagonizou a conversa mais polémica do ano, garante que Portugal é «um exemplo brilhante» e que «não é a Grécia», precisamente por causa das reformas de Gaspar. No entanto, nem mesmo os parceiros da troika deixaram de o avisar: um relatório do FMI alertou que a situação se pode tornar «socialmente insustentável», um estudo da Comissão Europeia apontou que, dos países em crise, Portugal é o único onde a austeridade exigiu mais aos pobres do que aos ricos e o economista do BCE Paul De Grauwe foi ainda mais direto: pediu-lhe para «não exagerar» na austeridade.
A 15 de setembro, também «o melhor povo do mundo» lhe fez o mesmo pedido, ainda que não com palavras tão simpáticas. O ministro perdeu na rua, mas ganhou na secretaria: passou com nota positiva em todas as avaliações da troika.
Dentro do Governo, Gaspar (não o gato de Honório Novo, mas o ministro) teve no CDS um forte opositor. À porta fechada, foi arrasado nas alterações na Taxa Social Única e no aumento do IRS. Chamou-lhe um «disparate», mas foi cedendo. E reconheceu erros, pelo menos à sua maneira e com algum sentido de humor: «surpreendeu-se» com a subida do desemprego e admitiu um «lapso» com a data do regresso dos subsídios de férias e de Natal.
Com mais ou menos lamentos, sobreviveu a um chumbo do Tribunal Constitucional, a dois orçamentos retificativos e a um Orçamento de Estado que protagoniza um «brutal aumento de impostos». Não desiste, nem se cansa - apesar de as olheiras aumentarem à medida da carga fiscal -, de retribuir a sua educação «extraordinariamente cara».
Do que terá aprendido então, fazem parte os já famosos quadros em Excel que se viu obrigado a levar a um Conselho de Estado bastante apupado. Também o Parlamento as viu e aprovou, e, apesar do mal-estar na coligação, fê-lo à custa da maioria PSD-CDS, porque o PS já cortou o cordão umbilical com o memorando e está à parte de qualquer negociação decisiva. O ministro das Finanças foi aprendendo com o discurso mais político, prometendo que estamos na «fase final da maratona» e que «o início da recuperação» está marcado para 2013. E lançou um novo desafio: cortar «pelo menos» quatro mil milhões de euros na despesa.
Enquanto já se discute uma reforma do Estado Social, sem meta do crescimento à vista, Vítor Gaspar terminou o ano com uma submissão às vontades do amigo Schäuble: em poucos dias, esqueceu-se do princípio de igualdade nas medidas facilitadas à Grécia, para dizer que afinal não, que foi tudo «uma confusão» e não quer ir à boleia de Atenas. Porque, já sabemos, Por-tu-gal-não-é-a-Gré-ci-a.
Vítor Gaspar foi a figura nacional do ano porque foi o rosto da austeridade. Os aumentos de impostos, os cortes nos salários e pensões, as experiências falhadas que introduziram no vocabulário de café siglas como TSU e IMI. Tudo isto teve sempre em Gaspar o rei mago portador das intenções do Governo. Passos Coelho diz que é ele o seu «número 2», mas às vezes parece mais.
Foi também ele quem deu o peito às balas dos credores. Foi a Berlim, a Londres, aos Estados Unidos, a cimeiras e reuniões decisivas do Eurogrupo. Prometeu sempre que «o bom aluno» ia cumprir. A derrapagem na execução orçamental, a queda da receita fiscal e a necessidade de pedir mais tempo para atingir o défice exigido foram sendo contornadas com novas promessas de recuperação e uma ameaça: ou isto, ou a bancarrota, a saída do euro e da União Europeia e o caos.
E recebeu elogios por isso. O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, com quem protagonizou a conversa mais polémica do ano, garante que Portugal é «um exemplo brilhante» e que «não é a Grécia», precisamente por causa das reformas de Gaspar. No entanto, nem mesmo os parceiros da troika deixaram de o avisar: um relatório do FMI alertou que a situação se pode tornar «socialmente insustentável», um estudo da Comissão Europeia apontou que, dos países em crise, Portugal é o único onde a austeridade exigiu mais aos pobres do que aos ricos e o economista do BCE Paul De Grauwe foi ainda mais direto: pediu-lhe para «não exagerar» na austeridade.
A 15 de setembro, também «o melhor povo do mundo» lhe fez o mesmo pedido, ainda que não com palavras tão simpáticas. O ministro perdeu na rua, mas ganhou na secretaria: passou com nota positiva em todas as avaliações da troika.
Dentro do Governo, Gaspar (não o gato de Honório Novo, mas o ministro) teve no CDS um forte opositor. À porta fechada, foi arrasado nas alterações na Taxa Social Única e no aumento do IRS. Chamou-lhe um «disparate», mas foi cedendo. E reconheceu erros, pelo menos à sua maneira e com algum sentido de humor: «surpreendeu-se» com a subida do desemprego e admitiu um «lapso» com a data do regresso dos subsídios de férias e de Natal.
Com mais ou menos lamentos, sobreviveu a um chumbo do Tribunal Constitucional, a dois orçamentos retificativos e a um Orçamento de Estado que protagoniza um «brutal aumento de impostos». Não desiste, nem se cansa - apesar de as olheiras aumentarem à medida da carga fiscal -, de retribuir a sua educação «extraordinariamente cara».
Do que terá aprendido então, fazem parte os já famosos quadros em Excel que se viu obrigado a levar a um Conselho de Estado bastante apupado. Também o Parlamento as viu e aprovou, e, apesar do mal-estar na coligação, fê-lo à custa da maioria PSD-CDS, porque o PS já cortou o cordão umbilical com o memorando e está à parte de qualquer negociação decisiva. O ministro das Finanças foi aprendendo com o discurso mais político, prometendo que estamos na «fase final da maratona» e que «o início da recuperação» está marcado para 2013. E lançou um novo desafio: cortar «pelo menos» quatro mil milhões de euros na despesa.
Enquanto já se discute uma reforma do Estado Social, sem meta do crescimento à vista, Vítor Gaspar terminou o ano com uma submissão às vontades do amigo Schäuble: em poucos dias, esqueceu-se do princípio de igualdade nas medidas facilitadas à Grécia, para dizer que afinal não, que foi tudo «uma confusão» e não quer ir à boleia de Atenas. Porque, já sabemos, Por-tu-gal-não-é-a-Gré-ci-a.
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