26.12.11

Revolta: Tiroteio obriga PM da Guiné Bissau a refugiar-se


Guiné-Bissau (reuters)

Um forte tiroteio entre forças armadas na Guiné Bissau obrigaram o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, a refugiar-se numa embaixada, disseram testemunhas e fontes diplomáticas à agência Reuters.

Residentes na capital relatam à agência noticiosa terem ocorrido disparos de armas automáticas e rockets na zona da base militar de Santa Luzia, mais precisamente no Quartel-general das Forças Armadas. O site Bissau Digital refere que a capital da antiga colónia portuguesa está «em estado de sítio».

«Aparentemente, trata-se de um atrito entre o chefe militar e o chefe da marinha», explicou um diplomata que pediu anonimato à agência noticiosa. «O primeiro-ministro procurou refúgio numa embaixada estrangeira», disse ainda a mesma fonte. A AFP refere tratar-se da embaixada de Angola, mas tal não foi confirmado. Segundo o porta-voz do Movimento Sociedade Civil da Guiné-Bissau, Luís Vaz Martins, disse à TVI24, a partir da capital, que há uma «situação anómala» nas ruas, com «grupos em contenda», sendo que «não se sabe quem está de um lado ou do outro». Quanto ao primeiro-ministro, a mesma fonte garante que está «seguro, em casa, protegido pelas autoridades».

A situação não é ainda clara

Segundo a Portuguese News Network, estes confrontos tiveram início há cerca de dez dias e ocorreram na sequência da aterragem, em Jugudul, de uma avioneta de altas patentes militares suspeita de servir para o tráfico de droga. O Chefe de Estado Maior das Forças Armadas, António Indjai, e o Chefe de Estado Maior da Armada, Bubo Na Tchuto, acusam-se mutuamente de serem os responsáveis pela operação de narcotráfico.

Uma fonte da segurança guineense revela que o tiroteio começou depois de António Indjai, ter sido detido por ordem de Bubo Na Tchuto. O primeiro terá sido depois libertado pelas suas forças, mas a situação não é clara, pois Bubo Na Tchuto nega ter dado qualquer ordem para a detenção de Indjai.

«Nesta madrugada, António Indjai acusou Bubo Na Tchuto de tentativa de homicídio e promoção de um Golpe de Estado. Em Bissau, o Quartel-General, em Amura, foi palco de troca de tiros entre militares, não havendo ainda notícia de vítimas», refere a Portuguese News Network.

Mas a agência noticiosa AFP tem outra versão dos acontecimentos. De acordo com o que disse uma fonte militar ao jornalista da AFP em Bissau, em causa está um reivindicação salarial por parte dos soldados. Muitos terão vindo de Monsoa, a cerca de 60 quilómetros a norte de Bissau, fortemente armados.

As ruas estão com muitos militares a circular e a AFP refere mesmo a existência de muitos soldados na avenida onde se encontra a residência do primeiro-ministro Carlos Gomes Junior.

Presidente fora, MNE português acompanha

O presidente guineense, Malam Bacai Sanha, encontra-se a recuperar de uma operação em Paris, onde está desde Novembro. Nessa altura, a sua deslocação para França levantou suspeitas de um possível golpe militar.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português está a acompanhar a situação através da sua embaixada e remete para mais tarde um comunicado sobre a situação.

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