RIO - Desta sexta-feira a 14 de julho, a Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio (MAM) recebe o Uranium Film Festival, dedicado a produções que têm a energia nuclear como tema. Ao todo, serão exibidos 54 filmes de curta, média e longa metragem que abordam diversos aspectos da questão e concorrerão ao “Oscar amarelo” nas categorias de melhor curta, melhor longa e melhor animação. O festival, que teve sua primeira edição no ano passado, é uma iniciativa da ONG Arquivo Amarelo e tem como objetivo levar ao público em geral informações sobre a energia nuclear, seu uso e consequências por meio de produções que dificilmente chegam ao circuito comercial, conta a diretora-executiva da mostra e integrante da ONG Márcia Gomes de Oliveira.
- Toda a temática em torno da energia nuclear é geralmente invisível para a população - diz Márcia. - A radioatividade, por exemplo, é invisível, e esperamos que os filmes do festival deem uma visibilidade a este mundo invisível.
Entre os destaques da programação está a estreia mundial do filme “8:15 de 1945”, prevista para as 16h de amanhã. A produção argentino-brasileira de 2012 conta a vida dos sobreviventes do bombardeio nuclear de Hiroshima, no fim da Segunda Guerra Mundial, que vieram morar no Brasil. A exibição contará com a presença do diretor Roberto Fernandez e dos imigrantes japoneses Takashi Morita, 88 anos, e Kunihiko Bonkohara, 72 anos, ambos sobreviventes da bomba lançada pelos americanos às 8h15 do dia 6 de agosto de 1945 e, respectivamente, fundador e vice-presidente da Associação Hibakusha Brasil pela Paz, sediada em São Paulo.
- Eles são a história viva do drama do mau uso da energia nuclear e estão dispostos a falar sobre o assunto - afirma Márcia.
Ainda amanhã, às 18h30, está programada a estreia na América Latina do também documentário “Confissões atômicas”, da australiana Katherine Aigner. Com base em relatos de testemunhas, Katherine, que participará de um debate depois da exibição do filme, reconta a história da explosão de 12 bombas atômicas sobre o território da Austrália pelo Reino Unido nos anos 50 e 60. Nestes testes, militares e aborígenes australianos foram expostos a diferentes doses de radiação sem seu conhecimento como parte de estudos sobre os efeitos das emissões em organismos e equipamentos.
O festival também está estimulando a produção de filmes que tenham a energia nuclear como tema. Um dos exemplos é o curta “Era uma vez na cidade atômica”, de Riccardo Migliore. Rodado em Pocinhos, na Paraíba, o filme investiga a possível relação entre a elevada incidência de câncer na cidade com misteriosas pesquisas conduzidas por cientistas americanos naquela região do semiárido nordestino há cerca de meio século. Finalizada no ano passado, a produção ítalo-brasileira será exibida pela primeira vez também amanhã, antes do filme da australiana Katherine.
- A questão nuclear está em toda parte, seja no ambiente hospitalar, na energia que consumimos no dia a dia e no nosso próprio lixo - lembra Márcia. - Por isso, é grande a importância de trazer para o público filmes com tanto valor informativo sobre um tema tão mundial. Tínhamos conhecimento de vários filmes já feitos sobre o assunto, mas quase nenhum tinha sido traduzido para o português ou exibido no Brasil. Tornar essas obras acessíveis é da natureza de um festival como este.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/festival-de-cinema-chama-atencao-para-energia-nuclear-5347303#ixzz1zJm8iDvu
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