Habituado que estou a travar
diálogos francos e diretos com o Amigo do Corcovado, atrevi-me, hoje, a
questiona-lo sobre um assunto que desde há muito me preocupa; é facto que desde
a nossa ultima e acesa discussão, não tinha ainda falado com ele mas,
enchendo-me de coragem, lancei-lhe:
- Olá seu cara, tu que dai de cima vês tudo, que pensas da evolução da
cidade do Rio com vista ao “mundial” e aos “jogos”?
Soou uma tremenda gargalhada com
eco de trovão:
- Meu caro amigo ateu, só te posso dizer que desde este ponto de vista
estratégico me apercebo, dia apos dia, que as obras estão um pouco atrasadas; a
sua progressão não tem sido linear; ora atrasam por falta de organização ou de
verbas, ora retomam num ritmo desenfreado à medida que certas e avultadas somas
vão parar às contas de determinados construtores, promotores, arquitectos e políticos
…Isto é um nunca mais acabar!
- Amigo do Corcovado, e tu nada fazes para impedir esta corrupção!?
O Cristo, deveras bem
disposto, retorquiu com outra sonora gargalhada:
- Amigo ateu, és de facto muito ingénuo! Olha, vou responder-te de uma forma
muito simples: todos esses prevaricadores, corruptos, vulgo criminais são seres
humanos, conquanto muitas vezes se comportem de forma animalesca; a sofreguidão
do poder e do dinheiro tolhe-lhes qualquer forma de discernimento; como sabes nas
próprias famílias alguns indivíduos são Judas para outros ; não me compete
julga-los agora: o julgamento ultimo…já ouviste falar, não é verdade?
- Sim. Ta bem, mas…, lançando um
impropério, deixa-te de essas coisas;
o que conta é impedi-los de prejudicarem quem existe honestamente nesta vida,
porque da “outra” nunca vi ninguém regressar para dizer se é boa ou ma; é nesta
que eu existo e onde gostaria de ver justiça!
O “Redentor”, com infinita paciência – a que há muito esta
habituado neste tipo de interpelações – rematou:
- Amigo ateu, sei que és uma pessoa impregnada de justiça; da justiça
humana; segue o teu caminho; continua a pugnar pelo bem estar dos teus
semelhantes… e talvez nos encontremos na outra vida em que não acreditas…
Quis retorquir mas a chamada
caiu!
Rio de Janeiro, 20 de Agosto de 2012.
JMIRA
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