A dívida da Madeira cresceu mais de 100% em apenas cinco anos, é hoje da ordem dos mil milhões de euros e serviu para financiar a perpetuação de Alberto João Jardim no poder.
Agora, perante a realidade, quer negociar um acordo de urgência com Pedro Passos Coelho. A pouco mais de um mês das eleições regionais.
A situação da Madeira, ironicamente, faz-nos recuar alguns meses e recordar José Sócrates e a forma como acabamos nas mãos da ‘troika', do FMI e de Bruxelas. A poucas semanas de ir a votos, Sócrates foi mesmo obrigado a pedir ajuda externa; agora, Jardim também quer ajuda externa, dos ‘cubanos' do Continente. Separados à nascença, por ideologia e feitio, unidos na desgraça financeira que resulta de uma política alimentada por dívidas que, simplesmente, não se pagam por si. A falência, na Madeira, também está aí ao virar da esquina.
O pedido dramático de João Jardim, é claro, antecipa o debate eleitoral, narrativa, aliás, que já tinha começado antes das legislativas que levaram Passos Coelho a primeiro-ministro e que só se esbateu quando a tragédia do temporal arrasou com a região. Primeiro, ‘explicou-nos' que tinha de recorrer à dívida para evitar o ataque financeiro do Governo socialista, que, obviamente, não foi muito eficaz, ou Jardim não teria tido a oportunidade de multiplicar por várias vezes a dívida que tinha em 2005 quando Sócrates chegou.
Este fim-de-semana deu a saber que vai deixar de pagar aos fornecedores e que o problema está agora nas mãos do novo primeiro-ministro. E ainda tem a ‘lata' de exigir mais autonomia... Percebem, agora, porque é que Merkel não está disposta a aprovar as obrigações europeias, as ‘eurobonds', sem fortes restrições às autonomias dos Estados, ou, se quisermos a versão benigna, sem mais coordenação e integração europeia. A Madeira não precisa de mais autonomia, precisa de menos, especialmente se não existirem sanções efectivas para comportamentos como os de Jardim.
Passos Coelho tem uma tarefa difícil, e uma oportunidade única. Será difícil, obviamente, dizer não a João Jardim, porque isso será também dizer não ao partido, ou a uma parte dele. Mas se aceitar negociar agora, e nos termos de Jardim, estará a envolver-se directamente nas eleições regionais, estará a promover o que criticou antes e depois das legislativas, estará a contribuir para perpetuar uma forma de (des)governo que nos trouxe a austeridade que vivemos hoje.
Os portugueses fizeram a vontade a Pedro Passos Coelho e abriram um novo ciclo no País, político e até geracional. O novo Governo tem prometido muito, embora, para já, só os aumentos de impostos sejam uma realidade. A forma como este processo for conduzido vai revelar se as intenções do primeiro-ministro são para todos os portugueses ou se uns continuarão a ser mais do que outros.
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António Costa, Director
antonio.costa@economico.pt
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