A Live It Well, empresa de eventos portuguesa, é a precursora da ideia. Polónia já se interessou e Madrid vai a caminho...
Não se vêem vendedores de bolas de Berlim nem motas de água, gaivotas ou zonas delimitadas por bóias laranja a impedir os banhistas de passarem para o lado de lá do mar. De resto, a maior praia de água artificial da Europa, inaugurada terça-feira em Mangualde, tem tudo a que uma praia deve ter direito: água salgada, metros e metros de areia amarela, bares, palmeiras e até um painel azul forte a aludir a uma espécie de linha do horizonte no final do espelho de água.
Minutos antes, depois de horas de viagem e de muitas rotundas, fomos dar a um caminho de terra batida. O Live Beach, como se chama, ergueu-se aos nossos pés quando saímos do autocarro: "Que bem que se está na praia aqui no campo", lê-se no grande cartaz da entrada.
Depois de passarmos os torniquetes, que para serem rodados exigem um pagamento de cinco euros, há um corredor vermelho que se estende a perder de vista, ladeado por tendas de lona que albergam vinhos do Douro, artesanato e todo o tipo de bugigangas coloridas para venda. Quando as pequenas lojas deixam de nos prender o olhar, damos pelo palco montado ao fundo, onde se prevê a realização de vários concertos, não só durante o Verão, mas nos restantes nove meses em que o espaço estiver fechado a banhos. A meio do corredor avistamos, do lado direito, a derradeira curiosidade: a praia tem dez mil m2 de areia, veraneantes de calções e biquínis estendidos ao sol, e um espelho de água em forma de lua com 300 m2, quase comparável com o tamanho de uma piscina olímpica.
Como é dia de inauguração, a entrada é livre para todos. Irene Santos Vaz, uma das banhistas que falam ao i, nem sabia, mas quis conhecer a novidade. Arrumou a trouxa de praia e seguiu para Mangualde. Irene, 52 anos, nasceu em Viseu, mas vive em França com o marido, francês, e ficou satisfeita por estar de férias em Portugal no dia da abertura: "Acho bem que façam isto, a água está boa", começa por falar, um pouco tímida, e com metade do corpo ainda em imersão. Depois de uns minutos de conversa, a descontracção faz-se sentir e Irene começa a furar o próprio discurso: "Não acredito que isto valha o investimento. A entrada é cara [cinco euros]. Podiam ter apostado em boas estradas em vez disto. Fora deste recinto está tudo mal feito", desabafa. Apesar da sua opinião acerca do dinheiro "mal gasto", Irene quer voltar ao Live Beach, na noite do dia 19, para o concerto do Tony Carreira: "Sou capaz de vir com as minhas filhas. O meu marido não gosta nada, mas sempre é uma coisa diferente", diz, mesmo que a comoção seja quase nenhuma.
O projecto da nova praia artificial foi pensado para ser diferente de qualquer outro. Escolher um bom sítio, pouco usual, era indispensável. Antes, estavam ali 20 000 m2 de terreno abandonado que pertencia à autarquia. Depois de muitas explosões de dinamite, toneladas de areia, milhões de litros de água e outros tantos quilos de sal, o Live Beach encaixa-se aos pés da serra da Nossa Senhora do Castelo. Esta é das principais razões para Armando S. estar muito agradado com o empreendimento: "Gosto disto, já podemos vir para aqui em vez de ir para Aveiro. Mas o que é mesmo bom é olhar para trás e ter a serra e a ermida. Não há nenhuma praia com esta vista." Meio escondida atrás do ombro de Armando, a sua mulher não contém a emoção: "Já não era sem tempo que se fazia uma coisa destas. Aqui não há nada", atira. Armando e a mulher nasceram no distrito de Viseu mas sempre trabalharam em Lisboa. Passados 45 anos, regressaram agora a casa: "Estamos reformados, é bom voltar e ter este espaço. A entrada nem é cara [pagam bilhete sénior no valor de três euros] e não há infra-estruturas em Mangualde", diz a mulher, ainda envergonhada e sem nunca revelar o nome...
Minutos antes, depois de horas de viagem e de muitas rotundas, fomos dar a um caminho de terra batida. O Live Beach, como se chama, ergueu-se aos nossos pés quando saímos do autocarro: "Que bem que se está na praia aqui no campo", lê-se no grande cartaz da entrada.
Depois de passarmos os torniquetes, que para serem rodados exigem um pagamento de cinco euros, há um corredor vermelho que se estende a perder de vista, ladeado por tendas de lona que albergam vinhos do Douro, artesanato e todo o tipo de bugigangas coloridas para venda. Quando as pequenas lojas deixam de nos prender o olhar, damos pelo palco montado ao fundo, onde se prevê a realização de vários concertos, não só durante o Verão, mas nos restantes nove meses em que o espaço estiver fechado a banhos. A meio do corredor avistamos, do lado direito, a derradeira curiosidade: a praia tem dez mil m2 de areia, veraneantes de calções e biquínis estendidos ao sol, e um espelho de água em forma de lua com 300 m2, quase comparável com o tamanho de uma piscina olímpica.
Como é dia de inauguração, a entrada é livre para todos. Irene Santos Vaz, uma das banhistas que falam ao i, nem sabia, mas quis conhecer a novidade. Arrumou a trouxa de praia e seguiu para Mangualde. Irene, 52 anos, nasceu em Viseu, mas vive em França com o marido, francês, e ficou satisfeita por estar de férias em Portugal no dia da abertura: "Acho bem que façam isto, a água está boa", começa por falar, um pouco tímida, e com metade do corpo ainda em imersão. Depois de uns minutos de conversa, a descontracção faz-se sentir e Irene começa a furar o próprio discurso: "Não acredito que isto valha o investimento. A entrada é cara [cinco euros]. Podiam ter apostado em boas estradas em vez disto. Fora deste recinto está tudo mal feito", desabafa. Apesar da sua opinião acerca do dinheiro "mal gasto", Irene quer voltar ao Live Beach, na noite do dia 19, para o concerto do Tony Carreira: "Sou capaz de vir com as minhas filhas. O meu marido não gosta nada, mas sempre é uma coisa diferente", diz, mesmo que a comoção seja quase nenhuma.
O projecto da nova praia artificial foi pensado para ser diferente de qualquer outro. Escolher um bom sítio, pouco usual, era indispensável. Antes, estavam ali 20 000 m2 de terreno abandonado que pertencia à autarquia. Depois de muitas explosões de dinamite, toneladas de areia, milhões de litros de água e outros tantos quilos de sal, o Live Beach encaixa-se aos pés da serra da Nossa Senhora do Castelo. Esta é das principais razões para Armando S. estar muito agradado com o empreendimento: "Gosto disto, já podemos vir para aqui em vez de ir para Aveiro. Mas o que é mesmo bom é olhar para trás e ter a serra e a ermida. Não há nenhuma praia com esta vista." Meio escondida atrás do ombro de Armando, a sua mulher não contém a emoção: "Já não era sem tempo que se fazia uma coisa destas. Aqui não há nada", atira. Armando e a mulher nasceram no distrito de Viseu mas sempre trabalharam em Lisboa. Passados 45 anos, regressaram agora a casa: "Estamos reformados, é bom voltar e ter este espaço. A entrada nem é cara [pagam bilhete sénior no valor de três euros] e não há infra-estruturas em Mangualde", diz a mulher, ainda envergonhada e sem nunca revelar o nome...
ADIARIO
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