Os pintores impressionistas - Edgar Degas - 1834-1917
Edgar Degas nasceu em Paris em 19 de julho de 1834. Provindo da rica família de banqueiros, teve a educação padrão da classe alta no Lycée Louis le Grand. Depois de estudar direito por pouco tempo, decidiu tornar-se um artista, trabalhando com mestres conceituados e passando muitos anos na Itália, considerada então a "escola de aperfeiçoamento" das artes.
Depois da sua longa visita a Itália, onde não se absteve de estudar e até mesmo copiar as obras dos mais distintos pintores do Renascimento italiano, Degas regressou a Paris. Enfasiado pela arte renascentista e barroca, passou a ir frequentemente ao Museu do Louvre, onde estudou as obras de pintores, seus precedentes, de toda a Europa, sem exceptuar Nicolas Poussin, Dominique Ingres, Leonardo da Vinci, Hans Memling, Ticiano, Anthony van Dyck,Joshua Reynolds, Hubert Robert, John Constable e outros mestres. Mas, em 1870, a vida de Degas mudou algo, aquando da Guerra Franco-Prussiana. Na guerra, entre duas das maiores potências europeias - embora em declínio - que Degas serviu, na Guarda Nacional, na artilharia, agindo na defesa de Paris. Estava ali junto a Henri Rouart. Os dois ficaram instalados na casa de uns amigos da família De Gas (ou, abreviadamente, Degas), de nome Valpiçon. Foi aqui, em Ménil-Hubert, na Normandia, que Degas trabalhou em Retrato da jovem Hortense Valpiçon. O quadro revela uma assimetria semelhante a A dama dos crisântemos,que, por sua vez, retrata a mãe de Hortense, a famosa Madame Valpiçon. Esta temporada marcou o interesse maior do aristocrata pela pintura histórica. Repare na singeleza como ele pintou esse quadro! Esse ainda é um de seus quadros baseados nos modelos tradicionais. Veja-se então este: Note como ele representa a mulher. Ela tem traços frescos, de uma luminosidade especial. É o famoso quadro "Mulher penteando seu cabelo". Degas é considerado vulgarmente como um dos impressionistas, todavia, tal afirmação revela-se um erro, visto que o autor nunca adotou o leque de cores típico dos impressionistas, proposto por Monet e Boudin, e para além disso desaprovou vários trabalhos seus. Pelo contrário, Degas misturava o estilo impressionista - inspirado em Manet - com inspirações conservadoras, com bases assentes na Renascença italiana e no Realismo francês. Mas à semelhança de muitos modernistas - desta época ou de outras, veja-se Matisse, que viveu posteriormente -, inspirou-so muito nas odaliscas de Dominique Ingres.
Degas era um aristocrata, um homem de famílas típicas, um descendente de banqueiros napolitanos. Portanto, os seus trabalhos, do início da sua carreira, foram bem aceitos pela crítica e pela aristocracia restante que se espantava ao ver o talento daquetrile génio. Sem dúvida, a sua classe social influenciava na aceitação dos seus trabalhos. Desde cenas do cotidiano doméstico às frenéticas ruasde Paris, desde a Bolsa de Nova Orleans à pintura histórica, desde as corridas de cavalo a mulheres passando a ferro, todas as suas obras eram bem aceitas e de extrema reputação.
Contudo, tal viria a mudar depois da concepção de Place de La Concorde. Enquanto nos seus antigos quadros surgem com bastante dinamismo, a composição deste não permitiu tal coisa. As figuras deslocam-se, perece, vagarosamente - o que é óbvio pois representava um passeio. Existe uma quase ausência de personagens na praça parisiense. Figuram duas meninas que não se sabe a quem pertencem, de onde vêm nem para onde vão. Demonstram um sorriso implacável e constrangedor, comparável ao de Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Dois velhos de cara triste, deambulando com cortola posta, e barba arranjada, muito ecléticos. Parecem infelizes. E esta atmosfera triste realça-se mais com os trajes dos personagens, cinzas ou pretos.
Não se sabe ao certo como reagiram as pessoas ao quadro, sabe-se porém, que ficaram eternizadas expressões de cansaço, no público. Pareciam tristes ao ver a obra. Degas já não era a mesma coisa.
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