Para o autor, "a política da troika", pelo menos na Grécia e em
Portugal, e de certa maneira também na Espanha, "visa a obtenção de efeitos
muito precisos". Ou seja, assegurar que "as condições da permanência" daqueles
países no euro "sejam semelhantes às eventuais condições de saída".
Medeiros Ferreira disse que se está a verificar o que chamou de
"regresso clandestino do escudo", a par da existência do euro. Disse mesmo que
"já há duas moedas" em circulação "na sociedade portuguesa". Uma, que chamou de
"moeda fraca, é a que serve para pagar os salários da função pública, as pensões
e outras prestações da segurança social"; ao mesmo tempo que há "uma moeda
forte, que é a que circula no sistema bancário".
"Nunca perdemos uma negociação em Bruxelas"
Medeiros Ferreira, que enquanto ministro dos Negócios
Estrangeiros preparou e formalizou o pedido de adesão de Portugal à Comunidade
Económica Europeia, em 1977, criticou a forma como o país viria a entrar na CEE,
em janeiro de 1986. "Portugal não podia ter bons resultados pela maneira inerte
e passiva como entrou, sem um plano e uma estratégia próprias, sem qualquer
pensamento crítico".
Ironizou com "a tese do bom aluno", propagada durante anos pelo
que designou de "cavaquismo governamental". E brincou, ao seu estilo, com a
ideia, sistematicamente divulgada pelos vários Governos, segundo a qual "nunca
perdemos uma negociação em Bruxelas, mesmo quando eram dirigidas quase por
anónimos..."
Criticou em particular a forma de entrada de Portugal no espaço
da moeda única, bem como a taxa de conversão, sobrevalorizada, do escudo à moeda
europeia.
Evocou a sua passagem pelo Parlamento Europeu. "Quando cheguei,
todos os africanistas portugueses tinham passado a ser europeístas... Tinham
perdido qualquer sentido crítico" sobre a construção da Europa e o papel de
Portugal, "mas conservavam a mesma mentalidade", disse.
"Analogia gritante" com plano nazi de germanização da Europa
Com a chancela das Edições 70, o livro de Medeiros Ferreira foi
apresentado por Pedro Lains, especialista em história económica, que distinguiu
o professor universitário do ministro dos Negócios Estrangeiros. "É o
historiador que escreve este livro, e não o protagonista". O resultado "é uma
"História com H grande da integração europeia com i pequeno".
Lains sublinhou que, ao longo da sua história, Portugal precisou
quase sempre "de financiamento externo". Uma constatação que o levou a dizer que
"a ideia que agora se pretende inculcar que o país vive acima das suas
possibilidades é um grande disparate".
Referindo-se detalhadamente ao capítulo 7 do livro, sobre o plano
nazi para a germanização da Europa durante a II Guerra Mundial, Lains acentuou
que "no centro desse plano estava a economia alemã, que gerava desequilíbrios na
Europa".
Dando um salto no tempo, e falando sobre a atual situação da
União Europeia, o historiador reconheceu que "a comparação é muito dura de se
fazer", sobretudo porque "há aqui uma analogia gritante".
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/medeiros-ferreira-fala-do-regresso-clandestino-do-escudo=f839799#ixzz2jyqFpLJe
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