Refugiados. Todos os dias duas mil pessoas percorrem o trajeto entre a Turquia e a Grécia que Aylan, o curdo de 3 anos, não chegou a fazer. O túnel da Mancha foi invadido ontem por três mil migrantes.
A imagem de uma criança imóvel deitada na areia de uma das mais conhecidas praias da Turquia tornou-se ontem o símbolo mais recente da crise humanitária em que estão envolvidos os milhares e milhares de migrantes ilegais que, todos os dias, tentam a qualquer custo chegar a território europeu.
Envergando uma T-shirt vermelha e calções azuis, a criança, de três anos, estava a bordo de um dos dois barcos que naufragaram ontem, pouco depois de terem partido da costa sudoeste da Turquia em direção à ilha grega de Kos. Nas embarcações seguiam sírios e curdos, dos quais pelo menos cinco crianças.
Os media turcos identificaram a criança como Aylan Kurdi, de uma família curda da cidade de Kobane, e referiram que com Aylan morreu o seu irmão de cinco anos, Galip, que estava no mesmo barco. Os corpos das crianças e de alguns adultos deram à costa na praia de Bodrum, conhecida internacionalmente. No passado, outros corpos tinham surgido nas areias de Bodrum, mas nunca crianças de tão pouca idade.
A imagem de Aylan com a hashtag em turco #KiyiyaVuranInsanlik ("humanidade dá à costa") depressa se tornou a mais partilhada e comentada no Twitter e também noutras redes sociais. Muitos comentários criticavam a passividade das autoridades europeias e dos países por onde passam os migrantes.
No total, seguiriam 23 pessoas nas duas embarcações, das quais 13 perderam a vida, duas conseguiram chegar à costa por terem coletes de salvação e as restantes estavam desaparecidas, temendo as autoridades turcas que estejam mortas. O número de vítimas poderia ter sido muito mais elevado, se a guarda costeira turca não tivesse recolhido 60 migrantes que, na madrugada de ontem se encontravam em dificuldades, pouco depois de terem partido das costas deste país.
Diario de Noticias - Portugal
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