7.2.11

Texto - As putas calam-se e os cabrões despedem-se ruidosamente

Estes são os melhores anos de Portugal. Não temos ilusões e está tudo por fazer. Nada esperamos da Europa, das obras públicas ou da canalha que nos prometeu o céu. A geração de filhos da puta que despejou um balde de merda nesta década perdida acabou. Pode ir para casa comer tofu, porque acabou. Pode ir a Londres comprar sapatinhos Miu Miu e beber Sauvignon Blanc, porque acabou.

Estes são os melhores anos de Portugal, os nossos anos dourados. Os velhos ainda berram por Salazar, os destroços de 68 ainda querem revolução — mas o rasto de perfumes caros desvaneceu-se, as putas calam-se e os cabrões devoram os filhos.
Os que saírem dos escombros desta merda, os que limparem a merda desta gente, os que cuspirem nesta gente de merda serão melhores do que somos. Por isso estes são os melhores anos de Portugal, os nossos anos dourados.
As putas calam-se e os cabrões despedem-se ruidosamente. Estão mortos e ainda não sabem.
 
Luis M. Jorge