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5.10.12

Diálogos com o Cristo - 8


 
- Alô amigo do Corcovado… 

- Olá amigo ateu; que tens para me dizer hoje? Que tivemos um tempo esplêndido no  Rio?... 

Que precisas, de um conselho? Que… 

- Pêra ai, nada disso… Hoje apenas te queria alertar para uma publicação do “Globo” onde és apresentado como um travesti… nada mais… nada menos! 

- Olha rapaiz, ainda estavas a dormir e já eu o sabia! E digo-te uma coisa: estou-me a borrifar para todas essas notícias escritas por “aprendizes-jornalistas”; eles só existem através de escritos sensacionalistas para que possamos falar deles e assim existirem; a qualidade da sua vida é indirectamente proporcional ao seu talento. Deixa dizer, deixa publicar, a mim nada me incomoda, como dizem os franceses: “Dieu reconnaîtra les siens”… 

- Olha, amigo do Corcovado, é que eu também publiquei aquela fotografia onde apareces com saltos altos… 

- Pois… até tu estas contaminado pelo sindroma do pseudo-jornalismo-expresso… Como repreender-te se não és profissional? Escreve, amigo, escreve; das muitas ideias que expelires, algumas se aproveitarão; mais importante é dizeres sempre aquilo que pensas à medida que se te afloram na alma ideias como deves ter lido na “La Condition Humaine”, do André Malraux; (hoje não sei porquê, apetece-me falar francês). 

- Amigo do Corcovado, sei que és hábil na dialéctica, mas responde-me directamente, por favor: que pensas dos homossexuais, do casamento dos padres, das relações sexuais dos eclesiásticos? 

- Pôxa… Tu pelo menos “és directo em linha recta”! Olha, vou ser muito directo, também, contigo; acho que o ser humano se deve comportar sempre com a maior das honestidades; muitos dos homossexuais seguem linhas instintivas que Deus, a bem ou a mal, lhes deu; imagina tu que, sendo o  homem, que sei que és, de um dia para o outro, fosses atingido pela ideia irreprimível de te sentires mulher sem poderes dominar esse sentimento? Ficarias num desconforto extremo não é verdade? 

- Assim dito, até parece ter alguma lógica; mas, e em relação aos eclesiásticos? 

- Olha, papas, cardeais, bispos, padres… são seres humanos, não é verdade? Fizeram voto de castidade… mas depois, continuam a ser seres humanos…Tas a perceber?... 

- All Right Amigo do Corcovado! Tenho ainda um montão de questões a submeter-te; mas faz-se tarde e eu sei que ainda tens muito que fazer. Para quando o nosso próximo dialogo? 

- Quando queiras, cara, é sempre um prazer! Gostei muito deste bocadinho. Ciao. 

- Ciao.
 
Rio de Janeiro, 4 de outubro de 2012.
 
JOANMIRA
 
 

26.5.12

Texto: Cristo toma o nosso partido na guerra entre Portugal e Andorra

DIALOGOS COM  CRISTO


Hoje travei com o meu Amigo do Corcovado intensa, e até acesa discussão, naquela que será a ultima desde o hotel em que me encontro.

E verdade, esqueci-me de dizer: na próxima semana já não estarei tão perto dele como estive durante três meses no hotel onde, quotidianamente, nos falávamos.

Permanecendo em Copacabana, mudo-me, porém, para a praia; pouca distância, mas uma separação, um pouco mais além.

Eu que não tenho nem preciso de religiões, vou muito sentir a sua falta; ele e eu, com toda a modéstia, da minha parte, trocamos impressões muito interessantes.

Disse-lhe à chegada ao Rio: “E pá, para lá com essa pôrra de teres nascido da virgem!”…
Ele respondeu-me com calma: “Olha, eu nada apregoei; fui um ser humano como tu…

Interrompi-o de imediato e, aprontava outra bem preparada pergunta…quando, interrompendo-me a seu turno: “Tens a certeza da veracidade de tudo que sabes?”

Respondi-lhe, triunfante, que a filosofia me tinha ensinado que a duvida é a essência da existência!

“Creio ser compreensivo, místico, imaterialista, sociólogo…; não quero ser culpado de todo o mal de que vocês fizeram na nossa Sociedade!

Aproveitaram-se da minha “imagem” (como vocês dizem) para cometerem crimes hediondos em meu nome! Nunca quis isso!

Essa”recuperação” não é meu feito; vivi de acordo com o que entendi ser o melhor para a condição humana, pôrra! Eu vivi como qualquer ser humano bem comportado.”

“Idealismos, nacionalismos, e montes de coisas terminadas em “ismos” são pura invenção vossa; eu nada apregoei: vivi simplesmente a minha vida de mortal e, ainda hoje não perdoei!

Bem, o discurso era interessante e atrevi-me, enfim, a mais uma pergunta: “Olha lá, mas não perdoaste a quem?” (estava à espera que pronunciasse o nome de Judas).

Respondeu-me de imediato: “não perdoei a todos aqueles que me atraiçoaram, não perdoei nem perdoo a todos os que servindo-se da minha imagem infligem sofrimento”

Rendido, perguntei-lhe ainda: “E quem são esses gajos? Talvez sejam alguns que me querem mal; responde por favor...

Foi concluso, obvio, “eloquente” e objectivo: “nunca fui delator, apenas te posso dizer que são todos os que vivem no teu Universo e que não têm alma”.

“A maior parte deles vive em sofreguidão do haver material, como se a vida terrestre não tivesse limites”.

Perante tal magistral demonstração, não me atrevi sequer a pedir-lhe um parecer sobre o meu problema actual: a guerra entre Portugal e Andorra…

Antecipando a minha possível pergunta, disse-me, no entanto: “Amigo, eu sei o que ias dizer; compreendo o teu sentimento de injustiça e, até, de alguma revolta mas, peco-te por favor:

Guarda calma, serenidade e capacidade de discernimento; pensa nos teus filhos, netos e afins; Garanto que se algum FDP aqui vier parar por engano, fica feito ao bife…

Depois faço-lhe a folha…”

Depois desta conversa que, transcrevo para os “seguidores” do blogue, fiquei sereno e muito mais em paz: “E muito bom saber que tenho um grande amigo.”

Obrigado Amigo do Corcovado!

Rio de Janeiro, 25 de Maio de 2012.

JMIRA