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10.9.12

Petição contra mais impostos propaga-se pela net - Assine no final deste post



Na sequência do último anúncio do primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, o Diário Económico lançou na internet uma petição pública contra o aumento de impostos. O manifesto Não a mais impostos apela à subscrição de todos os portugueses e compromete-se a «levar as assinaturas à Assembleia da República».
Resumindo o percurso e as escolhas do actual governo desde que fazia parte da oposição até ser eleito há pouco mais de um ano, o texto incita todos os portugueses a negarem a «terapia de choque» a que a maioria PSD-CDS-PP os está a sujeitar e a fazerem parte integrante da discussão política e económica em torno do Orçamento do Estado para o ano que se segue.
O manifesto lembra ao pormenor os cortes salariais e aumento da carga fiscal que incidiram sobre os trabalhadores portugueses no último ano. Lembra que, em 2011, «a carga fiscal sobre os portugueses atingiu o valor recorde de 35,9% do Produto Interno Bruto (PIB)», fazendo o país atingir o seu «nível máximo». E é nesse sentido que apela ao governo de Passos Coelho para que abandone esse caminho, que «só poderá ter consequências perversas e afundar a economia e o país numa espiral recessiva».
Como alternativa ao aumento de impostos, o Diário Económico propõe uma renegociação do calendário com a ‘troika’.
A petição termina com a promessa de levar as assinaturas à Assembleia da República e, consequentemente, à discussão dos partidos com assento parlamentar.
Às 16h30 a petição contava já com mais de 18700 signatários.
A subscrição pode ser feita em
SOL

SMMP: Novas medidas são 'flagrante violação' da Constituição


O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) considerou hoje «incompreensível» e «inconstitucional» as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, avançando tratar-se de uma «flagrante violação» do princípio da igualdade.
«Se a Lei do Orçamento de Estado para 2013 vier a ter um conjunto de normas, no sentido do que foi agora anunciado pelo primeiro-ministro, penso que não haverá muita margem para dúvida de considerar que tais normas são inconstitucionais» disse à agência Lusa o presidente do SMMP, Rui Cardoso.
Nesse sentido, o presidente do SMMP apelou ao Governo para que opte «por outro caminho» e que «que não incorra nesta flagrante violação do princípio da igualdade».
Caso o Governo mantenha para 2013 as medidas de austeridades anunciadas na sexta-feira, Rui Cardoso defendeu que o Presidente da República, Cavaco Silva, deve submeter tais normas à fiscalização do Tribunal Constitucional (TC).
«Sendo flagrante a violação daquilo que já foi entendimento do TC a propósito do OE para 2012, não nos parece que reste alternativa ao presidente da República do que suscitar a fiscalização preventiva dessa norma», afirmou.
Rui Cardoso considerou que «uma norma tão flagrantemente inconstitucional não poderá deixar de ser fiscalizada preventivamente», não devendo chegar a produzir efeitos, como aconteceu este ano.
O presidente do SMMP considerou também «incompreensível que se tenham apresentado novas medidas de austeridade que recaem apenas sobre alguns daqueles que já tinham sofrido» com medidas que já tinham sido consideradas inconstitucionais pelo TC.
«É incompreensível que, sendo o acórdão do TC tão claro, o Governo tenha optado por não dar qualquer passo no sentido de atenuar essa iniquidade nos sacrifícios impostos ao rendimento do trabalho face a outros tipos de rendimentos e tenha até agravado a desigualdade de tratamento», disse ainda Rui Cardoso.
Pedro Passos Coelho anunciou um aumento de 11 para 18 por cento da contribuição para a Segurança Social dos trabalhadores dos sectores público e privado e a redução de 23,75 para 18 por cento da contribuição das empresas.
Com as novas medidas de austeridade os funcionários públicos continuam a perder o equivalente ao subsídio de Natal e de férias, cuja suspensão tinha sido considerada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional.
Um dos subsídios continuará suspenso e o outro será diluído pelos 12 meses de salário, mas na prática será absorvido pelo aumento de 7 por cento da taxa a pagar à Segurança Social.
Lusa/SOL

Video - Análise de Paulo Trigo Pereira: "TC deve declarar inconstitucionais" novas medidas de austeridade


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Análise de Paulo Trigo Pereira: "TC deve declarar inconstitucionais" novas medidas de austeridade
Fonte: PÚBLICO
Para o economista Paulo Trigo Pereira, as novas medidas de austeridade anunciadas por Passos Coelho mantêm um tratamento diferente entre os trabalhadores do privado e os funcionários públicos e pensionistas.

Foto - Ave na baia de Guanabara


Ave caminha pelas águas da Baía de Guanabara na manhã desta segunda-feira
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo

Ave caminha pelas águas da Baía de Guanabara na manhã desta segunda-feira
Gabriel de Paiva / O Globo

Fiz o Daniel Oliveira - "Anatomia de um assalto: a mentira da equidade"


O Tribunal Constitucional foi claro: tirar dois subsídios aos funcionários públicos punha em causa a equidade. E não deixou espaço para equívocos: os recursos que o governo procurava não podem apenas ser retirados dos rendimentos do trabalho.
As medidas apresentadas na sexta-feira pretendem, segundo o governo, responder a esta decisão de um tribunal superior. O resultado foi este: continuam a retirar-se dois subsídios aos funcionários públicos e a roubar-se dois aos pensionistas. Acrescenta-se ao assalto um salário retirado, por via dos descontos à segurança social, aos trabalhadores do privado.
Tirando a generalização do roubo aos trabalhadores por conta de outrem, onde está a equidade? Onde está o contributo, pedido pelo Tribunal Constitucional, do capital? Passos Coelho anunciou que ele viria. Mas absteve-se de apresentar qualquer proposta. Suspeito da razão para tal omissão: é provável que a apresentação do que será pedido a quem vive do seu salário no mesmo momento em que se apresentasse alguma evolução na taxação de outras fontes de rendimento tornasse demasiado clara a desigualdade na distribuição de sacrifícios.
Mas Passos Coelho foi bem claro quanto ao destino a dar ao dinheiro dos salários roubados aos trabalhadores, através do aumento em 60% dos seus descontos para a segurança social: uma parte vai para o Estado, tentando assim tapar a cratera que a desastrosa política fiscal de Vítor Gaspar nos deixa, a restante vai para o empregador, com a redução da taxa social única. Ou seja, a desigualdade na distribuição de sacrifícios, em vez de ser amenizada, com exigia o Tribunal Constitucional, foi reforçada. Não há mais equidade, há menos. É aos que têm pago sozinhos esta crise que tudo continua a ser exigido. Já muito para lá do que lhes é humanamente possível dar.
Esta injustiça, repetida vezes sem conta, dificilmente poderia, no país mais desigual da Europa na distribuição de rendimentos e o que, desde a crise, tornou o seu sistema fiscal mais injusto, fazer alguma coisa pela economia portuguesa. Mas, reduzindo ainda mais o poder de compra e rebentando definitivamente com o mercado interno, apenas ajudará mais um pouco a afundar o País. O resultado da receita já se conhece: aumento do desemprego, queda do PIB, queda das receitas, desastre no défice. O dois em um: mais longe de recuperar a economia, mais longe de sanear as contas públicas. O pleno, portanto. Se não resultou antes, não passará a resultar agora.
O mesmo governo que sistematicamente rouba nos rendimentos do trabalho, não se preocupando sequer em dar a ideia de que quer distribuir com alguma justiça os sacrifícios, nada muda na sangria dos dinheiros públicos e da economia para pagar rendas a quem tenha bons contactos ou um monopólio. A Parceria Público-Privada para a construção do Hospital de Todos os Santos, que substituirá vários hospitais públicos existentes, segue em frente com a bênção da troika. A peregrina ideia de concessionar um canal da RTP, pondo os contribuintes a pagar um negócio privado, ainda não foi definitivamente enterrada. E a EDP continua a sugar as empresas, contribuindo para custos de contexto insuportáveis. Não, não estamos perante um governo "reformista". Os interesses que contam continuam intocados. Estamos perante assaltantes que só conseguem fazer grossa para a arraia miúda.

Marcelo defende remodelação governamental urgente

"Passos Coelho não teve a noção do impacto que isto tinha nos portugueses. Aqui também há um problema dos conselheiros dele", afirmou hoje Marcelo Rebelo de Sousa no seu comentário semanal na TVI.
Segundo o professor, o primeiro-ministro errou ao anunciar estas medidas de austeridade, porque não mediu o seu impacto, nem tão pouco soube explicá-las, pelo que cabe agora ao ministro das Finanças, Vítor Gaspar, dar as justificações.
"Não foi explicado, por exemplo, porque falhou o programa de austeridade em curso e como é que os novos cortes vão produzir efeitos em 2013", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa acusou, por isso,  o primeiro-ministro de "impreparação" e defendeu uma remodelação governamental urgente.
Para o comentador político, esta atitude do primeiro-ministro significa uma "pré-rutura do país com ele", que terá consequências que não foram antecipadas.
Outra das críticas de Marcelo prende-se ao facto de os cortes não abrangerem todos os portugueses, sendo que os membros do Governo deviam ser também afetados.

"Quando está a pedir sacrifícios ao mexilhão, tem de explicar o que faz aos outros"
, concluiu.

Marcelo acusa Passos de ser um primeiro-ministro impreparado


Marcelo Rebelo de Sousa acusou neste domingo Passos Coelho de ser um primeiro-ministro “impreparado” e de ter feito um discurso ao país “no mínimo descuidado e no máximo desastroso”. E diz que há um aumento de impostos.
 
No habitual comentário da TVI, o antigo presidente do PSD e actual conselheiro de Estado não poupou palavras críticas em relação ao actual líder “laranja” e primeiro-ministro, por causa da intervenção que este último fez na sexta-feira em que anunciou mais medidas de austeridade.

Para já, Marcelo diz não ter ainda todos os dados para considerar
se as medidas são ou não constitucionais. Para o também conselheiro de Estado de Cavaco Silva, o discurso de Passos teve uma parte concreta e outra vaga. A concreta foi a parte em que anunciou os cortes de salários para a função pública, pensionistas e privados. Já a vaga foi a que não explicou como vai tributar o capital, como vai cortar nas fundações, nas Parcerias Público Privadas.

“Para o mexilhão foi concreto, para outras espécies mais sofisticadas foi vago”, concluiu Marcelo.

O antigo presidente social-democrata criticou também
a mensagem que Passos Coelho colocou no Facebook, na madrugada deste domingo, afirmando que Passos devia ter tido aquelas palavras dirigidas aos portugueses na sua intervenção.

Para Marcelo, o primeiro-ministro deixou tudo por explicar, nomeadamente por que diz que não vai haver um aumento de impostos. “Ficou a ideia de que para agradar ao PP diz que não é um aumento de impostos quando é”, acrescentou.

Para o professor de direito, o aumento dos descontos para a segurança social de 11% para 18% vai levar à baixa de consumo, “especialmente das pessoas mais carenciadas”, e ao encerramento de empresas.

E para Marcelo a intervenção “desastrada” fica a dever-se “à impreparação” de Passos Coelho.

Marcelo espera agora que o Presidente da República peça esclarecimentos ao Governo sobre o que não foi explicado e que, se tudo se mantiver como está, espera que o Presidente diga ao Executivo que tem de as mudar.

O antigo presidente do PSD tinha ainda mais dois recados para Passos Coelho: devia ter anunciado uma remodelação logo após o seu discurso e “não lhe ficou bem falar antes do jogo da selecção para ver se passava despercebido”.

Passos Coelho: um descaramento inacreditável


O secretário-geral do PCP afirmou neste domingo que passado um ano de Governo PSD/CDS, "a dimensão dos problemas atingiu níveis inimagináveis" e não se resolveu a questão do défice e da dívida, acusando o primeiro-ministro de "descaramento inacreditável" ao anunciar mais austeridade.

"Dissemo-lo e a vida confirma-o. A dimensão dos problemas atingiu níveis inimagináveis. Se o país há muito estava mal, tudo ficou pior", disse Jerónimo de Sousa, na Quinta da Atalaia, no Seixal, durante o comício de encerramento da Festa do Avante! deste ano, depois de lembrar que há um ano, neste mesmo comício, tinha avisado que o acordo da ajuda externa assinado com os credores internacionais "não era um programa de ajuda, mas um pacto de agressão ao país e aos portugueses".
O líder dos comunistas portugueses sublinhou que o Governo PSD/CDS pediu "sacrifícios atrás de sacrifícios" mas "nem um só problema do país [ficou] resolvido".
"Nem aquele com que justificavam esta acção destruidora e este ataque brutal à vida dos portugueses: o controlo do défice das contas públicas. As metas do défice, em nome do qual este Governo pôs o país a ferro e fogo não vão ser resolvidas", acrescentou Jerónimo de Sousa, considerando que se trata de "um fracasso em toda a linha".
"Temos o País no fundo, défice por resolver e dívida a aumentar 6,6 milhões de euros", insistiu.
Para Jerónimo de Sousa é, por isso, um "descaramento" o recente anúncio de mais austeridade: "Agora, aí os temos a dizer que nem tudo correu como previam. E com um descaramento inacreditável a anuncia novas e mais brutais medidas, em nome da solução dos problemas que deliberadamente agravaram e continuam a agravar", afirmou.
"Ultrapassando tudo o que era imaginável e todos os limites da desfaçatez e do cinismo, acabámos de ver o primeiro-ministro, Passos Coelho, com ar pungente, a anunciar um descarado roubo nos salários dos trabalhadores e reformados, em nome do combate ao desemprego", acrescentou, perante os milhares de pessoas que enchiam o recinto envolvente do Palco 25 de Abril da Quinta da Atalaia.
CM