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23.4.12

Diz o Daniel Oliveira: "Sarko refém de Le Pen"



A vitória de François Hollande nas eleições francesas, com 28,8% dos votos, e uma possível vitória na segunda volta (não vale a pena fazer contas de somar, porque a extrema-direita nunca esteve, longe disso, no papo de Sarko - as sondagens indicam uma vitória do candidato socialista com 54%), abrem a porta para uma mudança na Europa.
Não me engano. Se vencer, Hollande não romperá com o consenso austeritário europeu. Talvez em França. Mesmo Sarkozy já tinha deixado claro que a austeridade, que é boa para os outros, não chegaria a Paris. Mas, como solução para os países periféricos, tudo indica que as coisas não mudarão radicalmente na Europa com estas eleições. Elas têm, no entanto, um valor simbólico indiscutível. A punição de Nicolas Sarkozy (26,1%), depois de se ter entregue, em grande parte do seu último mandato, ao triste papel de marioneta da senhora Merkel, pode ajudar a romper o eixo Berlim-Paris que durante anos garantiu a construção europeia e agora garantia a sua destruição.
Não é irrelevante o resultado de Jean-Luc Mélenchon, candidato da Front de Gauche - coligação entre comunistas e dissidentes de esquerda do PSF. Apesar de não ter chegado aos sonhados 15%, conseguiu uns reconfortantes 11,7%. Hollande vai precisar dos seus votos, o que pode implicar um referendo ao novo tratado. Um chumbo francês ao tratado pode ser o travão que tem faltado ao desvario autoritário alemão, que pretende não apenas impor limites burocráticos aos défices das Nações, mas um autêntico programa de governo vitalício, que destrói todo o sentido da própria democracia.
A alternativa a um governo que dependa da esquerda para governar ficou em terceiro lugar nas eleições. É o populismo xenófobo de Marine Le Pen, com uns assustadores 18,5%, o melhor resultado de sempre da extrema-direita francesa. Já muitos tinham avisado: a decadência das lideranças europeias traria os velhos fantasmas de volta.
Como um candidato centrista François Bayrou se ficou pelos 8,8%, Sarkozy depende dos votos da extrema-direita para ser eleito. E é a esse eleitorado que vai dirigir o seu discurso. Todos conhecemos a face mais sinistra de Sarko. Não hesitará em mostrá-la. Tem apenas um problema: para tapar a cabeça com o cobertor ficam os pés de fora. O eleitorado de centro não o seguirá se se dirigir à França mais racista. A segunda volta pode ser incerta, mas será mais fácil para Hollande contar com o voto certo dos eleitores mais à esquerda do que a Sarkozy fazer o pleno da direita.
Como última nota, ficou um aviso para duas estratégias falhadas à esquerda: a da fraqueza de uma pré-coligação com os socialistas sem qualquer condição prévia e sem a força dos votos - a ecologista Eva Joly teve apenas 2,3% dos votos -, como se as alianças futuras não exigissem nem votos nem conteúdo; e a do isolamento auto-satisfeito da extrema esquerda - o candidato Philippe Poutou, do Partido Anticapitalista, teve apenas 1,2%. A unidade exige votos e ideias, os votos e as ideias conseguem-se combatendo o sectarismo.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/sarko-refem-de-le-pen=f720950#ixzz1stzy7dhr

Desenho - "Froide nuit sur le lac"


Froide nuit sur le lac - 16-06-2010
JMIRA

Texto - PEP ou PQP?

PEP…?

E de confessar que o Brasil nunca deixa de
Surpreender… Apos valorosa aterragem,
Condicionada pela climatização do avião, sai-se e
Recebe-se logo como um bafo de inferno.


São seis horas mas as labaredas do sol tropical
Invadem tudo e impedem qualquer descanso ao
Europeu que, sem transição primaveril, passa do
Inverno Para o escaldante outono brasileiro.


Num Pais em que a denuncia é o primeiro desporto
Nacional (depois do "futchibol") é-se, mesmo assim,
Surpreendido pelas mensagens afixadas nos ônibus

(autocarros): “denuncie, liga para…”).


Mas o calor matutino pouco importa: o Rio é lindo
Pelas suas paisagens, pelo calor dos seus
Indígenas, cariocas; mas, primeira realidade brutal:
O Brasil é um pais devorado pela corrupção.


Pais de burocratas e tecnocratas, todos se fazem
Ao “jeitinho”; qualquer formalidade leva um tempo
Infinito, a não ser que haja amigos que, pata
Untada, dêm um jeitão!


O titulo desta crónica pode parecer curioso: PEP?
Que será? Povo enganado permanentemente?
Políticos em progresso? Putas em procissão?
Não, Nada disso; apenas o que os burocratas brasileiros

Contrapuseram ao autor,  impedindo, há meses, a abertura de
conta bancária. Mais ou menos Formulário,
Vai-se vivendo na esperança longínqua
De que um dia, milagre, a sorte bafeje o impetrante.


Mas, voltando ao PEP, trata-se de um formulário
Inventado por uma mente superior do reino da
“burocorrupracia” e que, traduzido do “brasilês”,
Da e significa “Pessoa Exposta Politicamente”!


Silva! Tendo passado incólume e de longe pelos
Tempos de Salazar, alguma vez teríamos
Imaginado esse tipo de palavrão? PEP!
Não apetece logo responder com outra sigla (PQP)?
(Puta que pariu!)


Rio de Janeiro, 22 de Abril de 2012.
JMIRA