19.9.12

Diálogos com o Cristo – 4


- Amigo do Corcovado, agora que somos amigos, permite-me que te coloque algumas questões que me suscitam muitas duvidas.
- Diz-là, responde-me o Cristo, com voz clara de quem não bebeu um “chopito” e jovial de quem tem a certeza do propósito.
- Tenho muitas duvidas acerca da existência de Deus e do seu desempenho de “Criador”.
Como sabes, eu não acredito na sua “obra” porque penso que um ser imaterial não pode criar matéria, a não ser que ele próprio faca parte da matéria e, nesse caso deixava de ser imaterial.
Qualquer ser dotado de razão não pode conceber que do nada se possa tirar e fazer qualquer coisa!
Suponhamos um matemático. O nada para ele é o zero; multiplicando, da forma que entender, o zero pelo zero ou por algum outro valor, o resultado será sempre o zero ou seja, NADA!
Com nada, nada se pode fazer; de nada, nada se obtém. O gesto criador é, pois, um gesto impossível de admitir, um absurdo.
O Amigo do Corcovado, devo confessar, ouviu-me com toda a paciência, sem me interromper; mas aproveitando uma breve pausa minha, retorquiu:
- Amigo ateu, os teus argumentos são conhecidos; citar-te-ei apenas um exemplo: dois amigos como nos, um crente e filosofo, outro filosofo e cientista, discutiam: dizia o primeiro que Deus estava no cimo da montanha; o outro discordava, obviamente; até que decidem subir la acima para tirarem as coisas a limpo; resultado: o cientista encontrou o Criador no cimo… E, confuso, disse ao Amigo: você até tinha razão, so que não demonstrou!  
- Amigo do Corcovado, eu acredito na tua boa fé, mas é impossivel exigir de mim que aceite sem demonstração; penso ser a  “criação” uma expressão místico-religiosa, que pode ter algum valor aos olhos das pessoas a que agrada crer naquilo que não compreendem e a quem a fé que se impõe tanto mais quanto menos a percebem. Mas devemos convir que a palavra criar é uma expressão vazia de sentido para todos os homens cultos e sensatos, para quem uma palavra só tem valor quando representa uma realidade ou uma possibilidade
- Amigo Mira, você até um cara bacano; não me convenceu, mas aceito a sinceridade dos seus argumentos; vamos continuar o nosso dialogo noutro dia porque já é tarde e até eu preciso de descansar; Ta?
- Cristo meu Amigo, vai la dormir descansado; se me permitires voltarei ao dialogo.
- Dorme bem Amigo.
- Um abraço.
Rio de Janeiro, 18 de Setembro de 2012
JOANMIRA

Aucun commentaire: