O nosso Embaixador em França, Francisco Seixas da Costa, é useiro e vezeiro em escrever excelentes artigos como este que aqui se reproduz. Delicio-me com a pureza do seu estilo, com o elegante sintetismo da sua prosa e tenho ciumes de não ter a sua clarividência. Mas, no que concerne à matéria, permitir-me-ia dizer ao Senhor Embaixador, parafraseando Coluche, "je me marre!", ou eu me "marro" - em linguagem franco-luso-emigrante dos anos 70 -. E se, num instante, fosse objectivamente alheio a qualquer forma de "politica", debruçar-me-ia, no sonho das estrelas afundando no abismo... com submarinos que nunca voarão nos combates ao Fogo "post" ou não.
Oremos para que "Deus" lhes dê "azas"...
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AQUI O POST
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Os telejornais preparam-se afanosamente. Já por lá se vêm os primeiro mapas com as chamas. Falta muito pouco para os inenarráveis diretos, para os microfones, tipo corneto, nas mãos das Sónias Cristinas (de onde é que saem, todos os dias, essas novas meninas do jornalismo
televisivo ofegante?) de cabelo ao vento, de rapazes de léxico restrito e camisa aberta até ao quarto botão, sempre com chamas ou fumos "do rescaldo" por detrás, berrando evidências, entrevistando populares de balde ou mangueira na mão, revoltados com o mundo e esvaídos de cansaço, a quem colocam questões profundas como "o incêndio esteve quase a atingir a sua casa, não foi?", "acha que os bombeiros são suficientes?" ou o inevitável clássico "como é que se sente?", para tudo esperando respostas inéditas. Chega depois o comandante dos bombeiros, falando, grave, no número de "homens envolvidos no combate ao sinistro", lamentando a escassez de meios aéreos, insinuando supostos incendiários ("Não deixa de ser estranho que tenham surgido três frentes simultâneas..."). Depois, momento áureo, é ouvido um membro do governo em pose estival, com presidentes de Câmaras e presidentes de Juntas ligeiramente atrás, que inventaria o dispositivo e dá nota das rigorosas medidas "já implementadas". Em fundo de cena, a costumeira legião de patetas passeando-se de telemóvel no ouvido, para serem vistos pela prima, lá em casa.
De canal em canal televisivo, o verão noticioso é assim. O mesmo, todos os anos. Só que ninguém pergunta a ninguém se foi feita, a tempo, a limpeza das matas, se se respeitaram as distâncias de segurança entre as residências e as áreas de mato combustível, se foram tomadas as medidas de precaução necessárias, que todos conhecem e ninguém pratica.
Pena é que isto não faça parte do "memorandum of understanding" da "troika"...
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