26.4.11

Como funciona o FMI

Por Maria Henrique Espada e Vítor Matos
Há quase dois anos que o FMI tem uma equipa pronta para dirigir uma intervenção em Lisboa. “Quando surgiu a crise na Islândia, começou-se logo a preparar a equipa para Portugal”, afirmou à SÁBADO um economista pertencente aos quadros do FMI. No Verão de 2010, já estavam preparados. Não é anormal no FMI. Sempre que há risco de um país vir a pedir ajuda, as equipas têm de estar preparadas e conhecer a situação económica. E fazem-no, sempre que possível, mal percebem que um país poderá ficar em apuros. Estas equipas são compostas por dois economistas do departamento regional, neste caso europeu (dirigido pelo português António Borges), e economistas dos departamentos funcionais – assuntos fiscais, assuntos monetários e mercado de capitais.

Nenhuma equipa do FMI chega ao terreno sem saber ao que vai: nas pastas negras esconde-se sempre um briefing paper com o diagnóstico da situação e as propostas concretas para o país fazer o ajustamento. O documento foi submetido a um cuidadoso processo de aprovação interna na sede, em Washington: validado pelo director do departamento – neste caso António Borges –, é depois submetido ao director-geral. No entanto, Borges afirmou na sexta-feira passada, em conferência de imprensa, que se distanciou deste processo por ser português. O briefing paper é o segredo mais bem guardado da missão do FMI. Não é suposto ser conhecido do Governo.

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