A continuação da greve dos funcionários administrativos do MNE na Suíça depende da reunião marcada para este fim-de-semana em que vão decidir o que fazer quando o protesto entra na sexta semana. A greve foi convocada como "ilimitada" e afeta totalmente o funcionamento dos serviços na embaixada em Berna, na missão junto dos Organizações Internacionais e Nações Unidas, no consulado também em Genebra, e nos consulados em Zurique, Sion e Lugano. Em causa está a perda de cerca de 40 por cento nos salários devida aos ajustes cambiais euro/francos suíços, com interpretações distintas das partes em confronto (trabalhadores e MNE). Uma greve acarreta sempre prejuízos e provoca efeitos indesejáveis sobretudo se é prolongada, mas esta greve na Suíça, se era crítica, agora é que entra na fase de maior dificuldade ou da total dificuldade - e dificuldade para todos porque para além de ser "ilimitada" entrou num impasse, sem saída à vista, sem qualquer cardápio negocial devido à barragem reiterada do MNE. Os decisores das Necessidades obviamente que aguardam a capitulação dos trabalhadores na prova de resistência por que optaram, e, por outro lado, os trabalhadores não dispõem de um pretexto, digamos que airoso, para a capitulação, chamem a isso suspensão com intenção de a greve ser retomada em qualquer momento, ou, hipótese à partida impensável, conformação. É um impasse. O erro vem de trás e foi ditado quando na paz dos gabinetes se acreditava com ingenuidade ou mesmo irresponsabilidade que o euro estava para ficar como moeda de império, não se avaliando como a estrutura frágil dos salários portugueses poderia responder a flutuações cambiais. Agora, pior, com a evidência de que o euro não é uma moeda portuguesa e que quem está na Suíça vive com francos suíços.
Se Portugal não tivesse nesse país uma comunidade relativamente volumosa, a solução seria fácil: encerravam-se os consulados, retornavam os funcionários, liquidava-se a questão. Mas não - a comunidade justifica os consulados se o País quer remessas, pelo que tem a obrigação de dar apoio a quem potencialmente remete e pode remeter mais. E nesse apoio, os funcionários administrativos são peças-chave, além da nomenclatura por regra associada a tais apoios (ensino, por exemplo). O problema na Suíça é que não se sabe bem e ao certo o que o Estado quer e pode. Sabe-se vagamente e não com precisão, sendo que o assunto da presença consular portuguesa na Suíça não se esgota em questões cambiais agora vindas à tona devido à greve dos funcionários, com estes a darem relatos díspares das explicações oficiais.
A disparidade até se compreende durante uma, duas ou três semanas. Seis, sem clarificação total e cabal do assunto, é demais. O ministro remeteu para o secretário de Estado a solução "no quadro das atuais restrições orçamentais" e neste quadro, que não é solução mas entala o secretário de Estado, os trabalhadores dizem que não podem, e seis semanas de greve, para quem está de fora, ou é uma greve de ricos ou é uma greve de quem de facto não aguenta. E é sobre isto que o MNE deve falar com os trabalhadores, avaliando os custos da não-presença, os custos com administrativos e os custos com não-administrativos. Mas aqui, a conversa é outra.
Sem dúvida que o secretário de Estado deve estar entalado, o ministro tem conseguido ficar de fora pelo menos nos alinhavos da imagem pública mas não tarda que, queira ou não, fica dentro. Qualquer escuteiro sabe que tem que ter um canivete suíço à mão.
Se Portugal não tivesse nesse país uma comunidade relativamente volumosa, a solução seria fácil: encerravam-se os consulados, retornavam os funcionários, liquidava-se a questão. Mas não - a comunidade justifica os consulados se o País quer remessas, pelo que tem a obrigação de dar apoio a quem potencialmente remete e pode remeter mais. E nesse apoio, os funcionários administrativos são peças-chave, além da nomenclatura por regra associada a tais apoios (ensino, por exemplo). O problema na Suíça é que não se sabe bem e ao certo o que o Estado quer e pode. Sabe-se vagamente e não com precisão, sendo que o assunto da presença consular portuguesa na Suíça não se esgota em questões cambiais agora vindas à tona devido à greve dos funcionários, com estes a darem relatos díspares das explicações oficiais.
A disparidade até se compreende durante uma, duas ou três semanas. Seis, sem clarificação total e cabal do assunto, é demais. O ministro remeteu para o secretário de Estado a solução "no quadro das atuais restrições orçamentais" e neste quadro, que não é solução mas entala o secretário de Estado, os trabalhadores dizem que não podem, e seis semanas de greve, para quem está de fora, ou é uma greve de ricos ou é uma greve de quem de facto não aguenta. E é sobre isto que o MNE deve falar com os trabalhadores, avaliando os custos da não-presença, os custos com administrativos e os custos com não-administrativos. Mas aqui, a conversa é outra.
Sem dúvida que o secretário de Estado deve estar entalado, o ministro tem conseguido ficar de fora pelo menos nos alinhavos da imagem pública mas não tarda que, queira ou não, fica dentro. Qualquer escuteiro sabe que tem que ter um canivete suíço à mão.
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