A
selecção portuguesa de futebol foi goleada no Mundial do Brasil. Teve o mesmo
destino da Espanha. Se os campeões do mundo levaram cinco da Holanda, os
portugueses até podiam levar dez da Alemanha. Apesar da normalidade do
resultado, sou obrigado a criticar o treinador português, que deixou de fora
Irina Shayk, a milionária namorada de Cristiano Ronaldo.
A imprensa cor-de-rosa revelou que Irina foi fazer compras a Nova Iorque, espreitou umas montras em Paris, deu um saltinho a Genebra e depois foi descansar para Madrid, porque passear e comprar são actividades muito cansativas. Uma lástima. Com a namorada de Ronaldo no relvado do Estádio da Fonte Nova, em Salvador, os karkamanos até ficavam vesgos e o Pepe não precisava de dar uma cabeçada num adversário.
Ao ver aquela cabeçada do central português veio-me à memória a estreia de Dornelas pelo Recreativo do Uíge, no campo do Desportivo do Negage.
Os fazendeiros que mandavam no clube começaram a importar jogadores de Portugal e o primeiro a chegar foi o Sim Sim, um médio habilidoso, muito pensador, que fazia passes a 40 metros. Em pouco tempo ele passou a ser a estrela do clube mais rico do então Congo Português.
Como o negócio rendeu, a direcção do Recreativo importou mais uma estrela, Dornelas de seu nome. Fez o primeiro e único jogo, no Negage. O reforço voltou para o Uíge amarrado de pés e mãos, pelo Capitão da Mata, o comandante da polícia da capital, que tinha uma orelha ratada. Diziam que subiu a uma cadeira para conseguir comer a orelha!
O Sim Sim dominava o meio campo e quando chegava a hora de passar a bola ao Dornelas, fazia-o com tanta força que ele esfarrapava-se todo para conseguir apanhar o esférico. Ou então passava a bola tão devagar que os do Negage chegavam sempre primeiro que o novo reforço dos ricaços. Foi assim toda a primeira parte e o jogo não saiu do zero a zero.
Durante o intervalo, os jogadores do Recreativo acantonaram-se atrás de uma baliza e eu só via o Dornelas fazer uns gestos agressivos. O treinador, também por gestos, recomendava calma. Quando o jogo recomeçou, o Sim Sim passou a bola ao Dornelas, mas uns bons 15 metros à frente. O rapaz não esteve com meias medidas e despachou uma cabeçada no Sim Sim, que caiu fulminado. Já o centro campista estava dominado, enrolado no chão como um bicho-de-conta, e o Dornelas continuava a dar-lhe pontapés, inclusive na cabeça. A sorte é que entre os adeptos do Recreativo estava o Capitão da Mata, autoridade policial máxima em toda a região. Mandava mais do que o chefe de posto do Negage, o senhor Grandão, que quando viu o massacre meteu-se no jipe Willys e foi para casa.
O Capitão da Mata manietou o Dornelas e depois um ajudante começou a amarrá-lo de pés e mãos. Devidamente enchouriçado foi atirado para cima do Land Rover do polícia e levado em alta velocidade para a esquadra no Uíge.
No primeiro número que saiu depois do jogo, o “Jornal do Congo” tinha na primeira página, de fora a fora, o seguinte título: “Sim Sim disse não não na estreia de Dornelas”. Adorei aquele título e não descansei enquanto não soube quem foi o autor. Quando fiz a quarta classe (com grandes dificuldades…) e fui continuar os estudos no colégio do Uíge, logo que pude, visitei o “Jornal do Congo”. E soube que o autor da reportagem e do título da primeira página foi mestre Acácio Barradas, na altura chefe de redacção do semanário.
Desde então, faço tudo para rasgar um título à Barradas. Raramente consigo, mas quando sou capaz, é uma festa de arromba.
Ao ver aquela cabeçada do central português veio-me à memória a estreia de Dornelas pelo Recreativo do Uíge, no campo do Desportivo do Negage.
Os fazendeiros que mandavam no clube começaram a importar jogadores de Portugal e o primeiro a chegar foi o Sim Sim, um médio habilidoso, muito pensador, que fazia passes a 40 metros. Em pouco tempo ele passou a ser a estrela do clube mais rico do então Congo Português.
Como o negócio rendeu, a direcção do Recreativo importou mais uma estrela, Dornelas de seu nome. Fez o primeiro e único jogo, no Negage. O reforço voltou para o Uíge amarrado de pés e mãos, pelo Capitão da Mata, o comandante da polícia da capital, que tinha uma orelha ratada. Diziam que subiu a uma cadeira para conseguir comer a orelha!
O Sim Sim dominava o meio campo e quando chegava a hora de passar a bola ao Dornelas, fazia-o com tanta força que ele esfarrapava-se todo para conseguir apanhar o esférico. Ou então passava a bola tão devagar que os do Negage chegavam sempre primeiro que o novo reforço dos ricaços. Foi assim toda a primeira parte e o jogo não saiu do zero a zero.
Durante o intervalo, os jogadores do Recreativo acantonaram-se atrás de uma baliza e eu só via o Dornelas fazer uns gestos agressivos. O treinador, também por gestos, recomendava calma. Quando o jogo recomeçou, o Sim Sim passou a bola ao Dornelas, mas uns bons 15 metros à frente. O rapaz não esteve com meias medidas e despachou uma cabeçada no Sim Sim, que caiu fulminado. Já o centro campista estava dominado, enrolado no chão como um bicho-de-conta, e o Dornelas continuava a dar-lhe pontapés, inclusive na cabeça. A sorte é que entre os adeptos do Recreativo estava o Capitão da Mata, autoridade policial máxima em toda a região. Mandava mais do que o chefe de posto do Negage, o senhor Grandão, que quando viu o massacre meteu-se no jipe Willys e foi para casa.
O Capitão da Mata manietou o Dornelas e depois um ajudante começou a amarrá-lo de pés e mãos. Devidamente enchouriçado foi atirado para cima do Land Rover do polícia e levado em alta velocidade para a esquadra no Uíge.
No primeiro número que saiu depois do jogo, o “Jornal do Congo” tinha na primeira página, de fora a fora, o seguinte título: “Sim Sim disse não não na estreia de Dornelas”. Adorei aquele título e não descansei enquanto não soube quem foi o autor. Quando fiz a quarta classe (com grandes dificuldades…) e fui continuar os estudos no colégio do Uíge, logo que pude, visitei o “Jornal do Congo”. E soube que o autor da reportagem e do título da primeira página foi mestre Acácio Barradas, na altura chefe de redacção do semanário.
Desde então, faço tudo para rasgar um título à Barradas. Raramente consigo, mas quando sou capaz, é uma festa de arromba.
Jornal de Angola
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