5.2.15

Tem a palavra Jorge Veludo - Secretario-geral do STCDE


sindicato


Prezadas associadas, prezados associados

Foi anunciada – e será em breve convocada - a Assembleia Geral Eleitoral que terá lugar no próximo dia 11 de Abril, momento em que, após uma longa caminhada de mais de 35 anos, deixarei de integrar a Comissão Executiva do STCDE, na qual venho desempenhando o lugar de Secretário-geral desde Outubro de 1993 – quando essa responsabilidade me caiu em cima.

Não vou fazer um balanço do caminho que juntos percorremos – extensão do âmbito da Europa a todo o Mundo, conquista das actualizações salariais anuais e dos prémios de antiguidade, construção de uma estrutura sindical e do Serviço Jurídico, intervenção na área da formação, negociação de um número razoável de promoções, luta sem quartel pelo EPSE coroada com a execução do DL 444/99.

Referiria que fui ficando por se não vislumbrar algum sócio disponível para liderar uma alternativa, mas, já em 2009, com um filho recém-nascido, clamei em vão por alguém que desse continuidade ao trabalho desenvolvido.
E, antes das últimas eleições, já em plena crise nacional, pressionei fortemente os mais capazes para constituírem uma equipa, mas as incompatibilidades entre alguns dos dirigentes supostamente mais capazes ou disponíveis para assegurar o futuro do STCDE inviabilizaram uma solução. Assim, pressionado no sentido de cumprir um último mandato, acabei por aceder a constituir uma lista que nos juntasse, procurando nomeadamente uma distribuição entre a Comissão Executiva e os outros membros da Direcção Nacional que aplanasse tensões.

Foi um erro. Precisamente quando mais precisávamos de militância e unidade contra os recuos que os governos nos impuseram nos últimos tempos, alguns entenderam privilegiar a afirmação e o interesse pessoal em lugar do trabalho de equipa, as amizades em detrimento das capacidades, a imagem em vez da substância, a troca de favores com o poder em prejuízo da defesa dos direitos e interesses colectivos.

Cesso funções com a consciência tranquila. Cumpri o melhor que pude e soube, sem proveitos materiais nem honrarias - nem promoções, nem nomeações, nem avaliações de jeito, nem medalhas, e assumindo tranquilamente que o nível remuneratório no meu país de prestação de serviço fosse descendo em termos relativos, para permitir alguma melhoria de situações mais graves, face à postura do poder em aceder às nossas justas reivindicações salariais.

Mas preocupa-me o futuro do STCDE, que antevejo com apreensão, não só pelo mundo que nos rodeia mas também pelas nossas fragilidades internas. Tal como há 3 anos, a falta de entendimento está aí, podendo vir a expressar-se em duas candidaturas e, embora saiba perfeitamente de que lado estou, sei que o STCDE perderá sempre, aliás, já perdeu.

A responsabilidade é de todos, porque todos somos chamados a participar e a votar. Poderei continuar a dar o meu contributo, se valer a pena, isto é, se as linhas de acção sindical digna e honesta forem as que sempre defendi e que permitiram vitórias essenciais para o conjunto dos trabalhadores do nosso quadro, mas, de qualquer forma, serei essencialmente um pai-avô reformado que vos deseja...

Boa sorte

Jorge Monteiro Veludo

Lisboa, Fevereiro 2015

Aucun commentaire: