Pobre consulado de
Portugal no Rio de Janeiro, infelizes utentes, desmotivados funcionários e,
também uma palavra de apoio para o cônsul-geral Nuno de Melo Belo!
Com efeito, um dos
nossos mais importantes postos consulares no mundo vive a maior crise que
jamais conheceu. Começou pela fraude em que “despachantes” se substituíram a
utentes cobrando-lhes muitos milhares de reais em troca dos seus
“serviços”.
Alguns funcionários
desleixaram-se, comprometeram-se e foram apanhados na rede; a chefe
administrativa, a chanceler, foi ontem demitida por não ter tido a coragem de
denunciar os seus colegas à inspeccão diplomático-judiciaria, sem nunca ter
cometido, que eu saiba, qualquer irregularidade;
alguns dos meus ex-colegas foram acusados de conivência com o “sistema”; quando
muito, alguns agiram de boa fé mas com muita ingenuidade; outros ex-colegas, não;
tiveram um papel de primeiro plano neste
desfecho trágico mas nem sequer foram indiciados…
Ou muito me engano,
o que não creio, ou a sua hora também vai chegar; sim porque é difícil de
imaginar que um plano de fraude organizada não tenha, também, por
intervenientes quem controla muito dinheiro.
Sai do Rio de
Janeiro ao cabo de um ano porque não suportava a temperatura infernal que la se
fazia sentir, “forçado” a trabalhar com altíssimas temperaturas, sem ar
condicionado no consulado, que muito afectaram o meu sistema cardíaco, num clima
malsão.
Identifiquei alguns
problemas que transmiti à hierarquia mas não me deram ouvidos; aqueles que
foram aliciados têm muitas responsabilidades mas, curiosamente foi demitida a
chanceler que apenas foi culpada por não ter assumido o papel de “delação”;
creio que poderá ter a sua quota-parte de responsabilidades mas, estou
convicto, nunca a titulo doloso.
Enquanto isso,
outros se escondem sob a alçada do chefe do posto e na especificidade das suas funções,
eventualmente muito terão a responder por possíveis e graves falcatruas que perduram…
Nada tenho contra
pessoas no consulado do Rio de Janeiro; durante o ano que la exerci funções fiz
todo o possível para amenizar a guerra latente existente entre duas facões.
Antes de a inspecção
ter chegado, como era o meu dever, informei o meu superior hierárquico sobre a forma de
contrariar aquilo que me parecia.
Hoje, chegadas as
conclusões da inspecção, continuo ao dispor para revelar certas coisas que facilmente
identifiquei.
Continuo à disposição
da verdade.
A bon entendeur…
Bordeaux, 23 de
maio de 2013-05-22
JoanMira
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