23.5.13

Texto - Rio de Janeiro - A bagunca continua


Pobre consulado de Portugal no Rio de Janeiro, infelizes utentes, desmotivados funcionários e, também uma palavra de apoio para o cônsul-geral Nuno de Melo Belo! 

Com efeito, um dos nossos mais importantes postos consulares no mundo vive a maior crise que jamais conheceu. Começou pela fraude em que “despachantes” se substituíram a utentes cobrando-lhes muitos milhares de reais  em troca dos seus “serviços”.

Alguns funcionários desleixaram-se, comprometeram-se e foram apanhados na rede; a chefe administrativa, a chanceler, foi ontem demitida por não ter tido a coragem de denunciar os seus colegas à inspeccão diplomático-judiciaria, sem nunca ter cometido, que eu saiba,  qualquer irregularidade; alguns dos meus ex-colegas foram acusados de conivência com o “sistema”; quando muito, alguns agiram de boa fé mas com muita ingenuidade; outros ex-colegas, não;  tiveram um papel de primeiro plano neste desfecho trágico mas nem sequer foram indiciados…

Ou muito me engano, o que não creio, ou a sua hora também vai chegar; sim porque é difícil de imaginar que um plano de fraude organizada não tenha, também, por intervenientes quem controla muito dinheiro. 

Sai do Rio de Janeiro ao cabo de um ano porque não suportava a temperatura infernal que la se fazia sentir, “forçado” a trabalhar com altíssimas temperaturas, sem ar condicionado no consulado, que muito afectaram o meu sistema cardíaco, num clima malsão. 

Identifiquei alguns problemas que transmiti à hierarquia mas não me deram ouvidos; aqueles que foram aliciados têm muitas responsabilidades mas, curiosamente foi demitida a chanceler que apenas foi culpada por não ter assumido o papel de “delação”; creio que poderá ter a sua quota-parte de responsabilidades mas, estou convicto, nunca a titulo doloso. 

Enquanto isso, outros se escondem sob a alçada do chefe do posto e na especificidade das suas funções, eventualmente muito terão a responder por possíveis e graves falcatruas que perduram… 

Nada tenho contra pessoas no consulado do Rio de Janeiro; durante o ano que la exerci funções fiz todo o possível para amenizar a guerra latente existente entre duas facões. 

Antes de a inspecção ter chegado, como era o meu dever, informei o meu superior hierárquico sobre a forma de contrariar aquilo que me parecia. 

Hoje, chegadas as conclusões da inspecção, continuo ao dispor para revelar certas coisas que facilmente identifiquei. 

Continuo à disposição da verdade. 

A bon entendeur… 

Bordeaux, 23 de maio de 2013-05-22 

JoanMira  

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