Não há regulamentos, decretos ou leis que possam contrapor este básico
e constitucional principio: o trabalhador deve receber o seu salário no local
onde, por decisão dos seus superiores hierárquicos, se encontra a exercer funções.
Vem isto a propósito da “guerra” entre Portugal e Andorra desencadeada,
dizem, por falta grave do autor. Guerra
entre Portugal e Andorra.doc
Sintetizando, o Principado terá desenvolvido “agastada” pressão sobre o
“Ministério dos Negócios Estranhos” de Paulo Portas, acusando o funcionário de
não ter cumprido com protocolares obrigações.
Sem querer aqui referir da razão que possa legitimamente assistir ao importante
Estado andorrano, gostaria, apenas, de enfatizar o que é dito no intróito: o “faltoso”
manteve-me em Andorra após o encerramento da embaixada de Portugal, acatando
instruções da hierarquia, negociando com sucesso os interesses do seu Estado e
transaccionando todas as operações de ultima hora que lhe foram demandadas.
Ao cabo de dois meses de permanência suplementar naquele pais horrível e
sem receber o seu vencimento que,
natural e “eloquentemente”, (segundo escreveu o Director Geral de Administração
do MNE) foi transferido para o seu futuro posto e não tendo outro rendimento
que o seu salário, o signatário começou a ficar “teso”.
Consequente e obviamente não teve dinheiro para legalizar a carripana,
doada a uma filha noutro pais.
Como a sua filha também tem o grande defeito de ser pobre, ficou à
espera que o pai lhe enviasse alguns carcanhois para pagar a legalização do
carro.
O pai esperava que o abrir de uma conta bancária no pais para onde iria
era uma simples formalidade; depois transfeririaa o cacau, e a filha com placas
do seu pais de residëncia, enviava de imediato as outras (andorranas) ao Principado
de Andorra.
Mas o previsto não aconteceu; o pai foi considerado “PEP” no pais de
transferência (leia-se “Pessoa exposta politicamente”) e a esperada formalidade
transformou-se em árdua missão burocrática, com a consequência de ter de esperar
dois meses e meio para abrir conta bancária e, finalmente, poder transferir
dinheiro para o sustento da família e pagamento da famigerada legalização!
Em conclusão: o autor foi, no mínimo, acusado de não ter tido a
prudência necessária para precaver a situação em que o colocaram: isto é ter
poupado ainda mais alguns tostões para estar em condições de cumprir com todas as
suas obrigações; sem salário durante
dois meses (muito para o “prevaricador”!), porque o Ministério, apesar de o ter
obrigado a ficar em Andorra, enviou o “cacau” para o posto de transferência (a milhares
de quilómetros), o “desregrado” foi acusado de “degradação das relações
bilaterais entre os dois Estados”; foi acusado do possível e mais que provável conflito armado entre os
dois países… Parece ao autor ser um tanto exagerado para um mero, simples e
cumpridor funcionário… Por este andar, quem sabe se um dia não será acusado das
falcatruas e atitudes escandalosas que se passaram e passam em determinados sectores
consulares e diplomáticos…
O “culposo” aceita, antecipadamente, a pena de morte: reconhece merecê-la;
não quer sequer comutação em pena de prisão perpétua, antecipando a
infelicidade da hipótese do seu possível cumprimento em Andorra! Se for mesmo
execução sumaria, até ficaria feliz de reencontrar, nos Céus, Pais, Amigos e
Familiares; não deixaria, porém e antes, de tratar de “fazer a folha” a alguns FDP
que poluem a vida das pessoas simples…
Claro que os referidos elevar-se-iam sincronizadamente com os primeiros
mas, subitamente, a sua trajectória desviar-se-ia para um sitio menos agradável,
tal como uma piscina repleta de excrementos, onde ficariam com esses até ao
pescoço, sendo que de quando em vez, repetidamente, guardas viriam com bastões
bater-lhes na cabeça para que voltassem ao seu elemento natural, bebendo e
comendo aquilo que são!
Não tem o cidadão incriminado nem fanatismos partidários, clubistas ou
religiosos; admira seres autênticos e justos e gosta, também, de filosofia; nesta
sua vida alongada, aprendeu a apreciar certas criaturas, quaisquer que sejam as
suas convicções. Até conhece pessoas e animais racionais (ou não) que merecem toda a consideração porque, dotados
alguns, de inteligência e filosofia.
O seu grande amigo do Rio foi e será o “Cristo Redentor”, com quem
trocou muitos diálogos.
E quando a sua hora chegar, não deixara de lhe dizer, num desabafo: Cristo meu amigo, aceita esta derradeira
mensagem: “Perdoa-lhes “Amigo do Corcovado, eles não sabem o que fazem…!”
Rio de Janeiro, 23 de Maio de 2012.
JOANMIRA