Os chefes agressivos podem ter matado o meu pai. Lembro-me nitidamente de entrar num quarto de hospital nos arredores de Cleveland e ver o meu pai, forte e atlético, deitado com elétrodos presos no peito despido. O que é que o pôs ali? Acredito que foi o stresse relacionado com o trabalho. Durante anos ele suportou dois chefes mal-educados. A indelicadeza e o mau comportamento têm aumentado nas últimas décadas, especialmente no trabalho. Há quase 20 anos que tenho vindo a estudar, a pesquisar e a colaborar com organizações de todo o mundo para conhecer mais sobre os custos desta incivilidade. A maneira como nos tratamos uns aos outros no trabalho é importante. As interações insensíveis conseguem minar a saúde das pessoas, o seu desempenho e as suas almas.
Robert M. Sapolsky, um professor de Stanford e autor de Why Zebras Don"t Get Ulcers (Porque as Zebras não Têm Úlceras), argumenta que, quando as pessoas aguentam intermitentemente situações causadoras de stresse como a incivilidade por demasiado tempo ou demasiado frequentemente, os seus sistemas imunitários pagam o preço. Podemos ter também grandes problemas de saúde, incluindo doenças cardiovasculares, cancro, diabetes e úlceras. Situações causadoras de stresse periódicas - como vivenciar ou testemunhar incidentes grosseiros ou até mesmo a repetição de um deles na nossa cabeça - elevam os níveis das hormonas chamadas glucocorticoides durante todo o dia, podendo levar a uma série de problemas de saúde, incluindo o aumento do apetite e a obesidade. Um estudo publicado em 2012 que seguiu mulheres durante dez anos concluiu que empregos stressantes aumentam o risco de acidente cardiovascular em 38%.
Os chefes originam empregados desmoralizados através de uma sequência de ações: afastarem-se de uma conversa porque perderam o interesse; atenderem chamadas a meio de reuniões sem sair da sala; gozarem abertamente com as pessoas apontando os seus defeitos ou manias à frente dos outros; lembrarem aos seus subordinados o seu "papel" na organização e o seu "título"; ficarem com os créditos das vitórias, mas apontarem o dedo aos outros quando surgem problemas. Os empregados que são prejudicados por este comportamento, em vez de partilharem ideias ou pedirem ajuda, retraem-se.
Diario de Noticias - Portugal
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