12.4.15

Burnout: O fim da linha


Burnout: O fim da linha
A escassez de recursos e a pressão para obter resultados estão a levar cada vez mais trabalhadores ao esgotamento físico e emocional. Faça o testa e perceba se está stressado ou em "burnout"


Se a fadiga crónica é a sua companheira, cada dia é um mau dia e sente que nada do que faz tem valor, o problema é sério. Estará em burnout? A síndrome foi descrita pelo psicanalista americano Herbert Freudenberger, nos anos setenta, a partir da sua experiência pessoal: ele media o seu valor em função do sucesso e dedicava-se exageradamente ao trabalho, movido pelo desejo de ser o melhor. Até que, um dia, queimou. Ficou frito, diríamos nós, em bom português. Ou, numa gíria mais tecnológica, crashou. Ter um esgotamento - que envolve exaustão física e emocional, alienação e sentimentos de incapacidade - é pisar o risco do esforço, sem pausas, até partir a corda. Ocorrer mais a uns do que a outros não resulta apenas das diferenças de personalidade (como alguns pensam, erradamente), mas da acumulação do stresse laboral, que está na origem de várias perturbações psicológicas. Não por acaso, em 2010 elas foram incluídas na lista de doenças profissionais da Organização Internacional do Trabalho.
A crise financeira e a intensificação dos ritmos de trabalho trouxeram novos riscos, que comprometem o bem-estar e a produtividade. Culpado por mais de metade dos dias perdidos por faltas, o stresse laboral afeta um quarto da população ativa e será, dentro de cinco anos, a segunda principal causa de doenças profissionais, segundo o Observatório Europeu dos Riscos, da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA). O último inquérito às empresas, realizado em 2010, revelava que 30% tinha procedimentos específicos para lidar com situações de stresse, violência e assédio, mas, no caso português, a percentagem não ia além dos 13 por cento. O relatório da OCDE, Fit Mind, Fit Job, divulgado no passado dia 4, revelou que entre 15% a 20% da população ativa desenvolve perturbações psicológicas no exercício da função. Portugal, ocupa o sétimo pior lugar (entre 33 países), com o stresse associado a exigências elevadas e baixos recursos. Se a isso acrescentarmos fracas possibilidades de promoção, reduções salariais, vínculos precários e mudanças dos fluxos laborais, a questão que se coloca é: estamos preparados para lidar com o aumento de casos de burnout?


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