A história do templo de Santa Engrácia, perto do Campo de Santa Clara - mais conhecido hoje em dia como o Panteão Nacional -, começa no século xvi, com a infanta D. Maria. Filha do rei D. Manuel e da sua terceira esposa, D. Leonor, chegou a ser a mulher mais rica de Portugal no seu tempo. A sua instrução e virtudes ganharam fama, teve muitos pretendentes, mas morreu solteira, sem deixar filhos. Dedicou a vida à Igreja, fundou vários conventos e, entre as várias obras que patrocinou, estava a Igreja de Santa Engrácia, que mandou construir em 1568.
O problema foi que se seguiram 300 anos de peripécias... Uma tempestade praticamente destruiu o edifício em 1681 e, nos séculos seguintes, houve várias alterações de planos. Desde falta de dinheiro à falta de interesse ou de mão-de-obra, houve tudo e mais um par de botas para justificar a demora nas obras... Ainda inacabada, a Igreja de Santa Engrácia passou a ter estatuto de monumento nacional em 1910, e em 1916 tornou-se o Panteão Nacional. A obra só se completou por ordem de Salazar, quase 300 anos depois, em 1966!
Só isto justifica a expressão, mas existe uma outra versão, mais romântica.
No primeiro mês do ano de 1630, um cristão-novo de nome Simão Pires Solis é acusado de profanar o templo e de roubar as hóstias do relicário da capela-mor. Reza a lenda que o homem tinha sido visto a rondar a igreja na noite do assalto, montado num cavalo que tinha os cascos embrulhados em panos, para que não fizessem barulho. Simão Solis jura inocência, mas acaba por ser queimado vivo no Campo de Santa Clara. Na hora da morte, lança uma maldição à igreja ainda em construção, clamando: "É tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem." Mais tarde, descobriu-se a verdadeira razão da presença de Solis perto da igreja naquela noite: o rapaz afinal apenas esperava por Violante, filha de um fidalgo e noviça no Convento de Santa Clara? Apaixonados, teriam fugido...
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