DIALOGOS COM CRISTO
Hoje travei com o meu Amigo do Corcovado intensa, e até acesa discussão, naquela que será a ultima desde o hotel em que me encontro.
E verdade, esqueci-me de dizer: na próxima semana já não estarei tão perto dele como estive durante três meses no hotel onde, quotidianamente, nos falávamos.
Permanecendo em Copacabana, mudo-me, porém, para a praia; pouca distância, mas uma separação, um pouco mais além.
Eu que não tenho nem preciso de religiões, vou muito sentir a sua falta; ele e eu, com toda a modéstia, da minha parte, trocamos impressões muito interessantes.
Disse-lhe à chegada ao Rio: “E pá, para lá com essa pôrra de teres nascido da virgem!”…
Ele respondeu-me com calma: “Olha, eu nada apregoei; fui um ser humano como tu…
Interrompi-o de imediato e, aprontava outra bem preparada pergunta…quando, interrompendo-me a seu turno: “Tens a certeza da veracidade de tudo que sabes?”
Respondi-lhe, triunfante, que a filosofia me tinha ensinado que a duvida é a essência da existência!
“Creio ser compreensivo, místico, imaterialista, sociólogo…; não quero ser culpado de todo o mal de que vocês fizeram na nossa Sociedade!
Aproveitaram-se da minha “imagem” (como vocês dizem) para cometerem crimes hediondos em meu nome! Nunca quis isso!
Essa”recuperação” não é meu feito; vivi de acordo com o que entendi ser o melhor para a condição humana, pôrra! Eu vivi como qualquer ser humano bem comportado.”
“Idealismos, nacionalismos, e montes de coisas terminadas em “ismos” são pura invenção vossa; eu nada apregoei: vivi simplesmente a minha vida de mortal e, ainda hoje não perdoei!
Bem, o discurso era interessante e atrevi-me, enfim, a mais uma pergunta: “Olha lá, mas não perdoaste a quem?” (estava à espera que pronunciasse o nome de Judas).
Respondeu-me de imediato: “não perdoei a todos aqueles que me atraiçoaram, não perdoei nem perdoo a todos os que servindo-se da minha imagem infligem sofrimento”
Rendido, perguntei-lhe ainda: “E quem são esses gajos? Talvez sejam alguns que me querem mal; responde por favor...
Foi concluso, obvio, “eloquente” e objectivo: “nunca fui delator, apenas te posso dizer que são todos os que vivem no teu Universo e que não têm alma”.
“A maior parte deles vive em sofreguidão do haver material, como se a vida terrestre não tivesse limites”.
Perante tal magistral demonstração, não me atrevi sequer a pedir-lhe um parecer sobre o meu problema actual: a guerra entre Portugal e Andorra…
Antecipando a minha possível pergunta, disse-me, no entanto: “Amigo, eu sei o que ias dizer; compreendo o teu sentimento de injustiça e, até, de alguma revolta mas, peco-te por favor:
Guarda calma, serenidade e capacidade de discernimento; pensa nos teus filhos, netos e afins; Garanto que se algum FDP aqui vier parar por engano, fica feito ao bife…
Depois faço-lhe a folha…”
Depois desta conversa que, transcrevo para os “seguidores” do blogue, fiquei sereno e muito mais em paz: “E muito bom saber que tenho um grande amigo.”
Obrigado Amigo do Corcovado!
Rio de Janeiro, 25 de Maio de 2012.
JMIRA