11.8.11

5 golos para 2 debates
 
ANTÓNIO TADEIA - O JOGO


O jogo particular contra o Luxemburgo resolveu-se com mais ou menos dificuldade. Mais na primeira parte, menos na segunda, quando o adversário se desmembrou, tudo resultando num 5-0 que passa a ser o melhor resultado da era Paulo Bento. Mas a resposta globalmente positiva dada pela Selecção Nacional terá deixado o seleccionador com duas grandes dúvidas: como compor o meio-campo, em face das boas exibições de André Santos e Raul Meireles, e em quem apostar no ataque, uma vez que Hélder Postiga e Hugo Almeida estiveram ambos à altura.
A meio-campo, sector no qual Paulo Bento tem apostado quase sempre nos mesmos três jogadores (Meireles atrás de Moutinho e Martins), a lesão do médio do Benfica permitiu ao seleccionador testar a dupla que Vítor Pereira tem rotinado no FC Porto: Moutinho com Micael. E a pouca utilização de Raul Meireles na pré-época do Liverpool tê-lo-á motivado a experimentar André Santos na posição mais recuada. Sucede que após uma entrada tímida, o jovem sportinguista acabou por fazer um bom jogo, não tão bom, porém, como o feito por Raul Meireles, que jogou a segunda parte mais à frente do que tem vindo a fazer na Selecção.
Se partirmos do princípio de que Moutinho é peça inamovível para o seleccionador, fica a dúvida: em Chipre, jogará André Santos atrás de Moutinho e Meireles, que, nesse caso, passaria de pivô defensivo a médio com mais responsabilidades de chegada à área (como jogava no Liverpool)? Ou regressa Meireles à posição mais recuada, complementando-se o meio-campo com Moutinho e Micael, o menos brilhante dos quatro no jogo de ontem? Um debate que ainda poderá ser apimentado por outras variáveis, como o regresso de Carlos Martins à aptidão ou as dificuldades para André Santos ser titular no Sporting.
Menos problemática é a escolha do ponta-de-lança. Nuno Gomes foi convocado, mas a julgar pela resposta que Postiga e Hugo Almeida deram, só será opção se Portugal optar por um sistema diferente do 4x3x3 que manteve ontem do início ao fim do jogo. Porque Postiga voltou a marcar um golo de classe nos 45 minutos em que esteve em campo e é o melhor marcador da Selecção na era Bento, com cinco tentos, mas Hugo Almeida respondeu bem, bisando nos seus 45 minutos e marcando o golo da noite, num vólei de fora da área capaz de levantar qualquer estádio. E a ideia que fica é a de que, seja qual for a sua escolha, Paulo Bento fica bem servido com o homem da frente.
Ontem foi precisamente Postiga quem começou a desenrolar um novelo que começava a ficar enleado. O Luxemburgo , disposto em 4x1x4x1, com o bloco defensivo muito junto atrás, parecia confortável em campo, pois a essa excessiva concentração defensiva Portugal contrapunha variações de flanco facilmente interceptáveis e verticalizações precipitadas, causando sucessivas perdas de bola. Só perto dos 20', quando a equipa passou a pressionar com mais assertividade, a apostar mais em triangulações dentro do mesmo corredor, e quando André Santos pegou na batuta, libertando Moutinho e Micael para o espaço entre as linhas média e defensiva do Luxemburgo, é que Portugal colocou o opositor em dificuldades. Marcou dois golos até ao intervalo, ambos com intervenção de Ronaldo (que saiu a seguir), resolveu o jogo, mas foi para o balneário com a noção de que precisava de melhorar.
E foi o que sucedeu. Os luxemburgueses desuniram-se, alargaram o espaço entre linhas, e Portugal passou a poder jogar em transição ofensiva, chegando aos 5-0 com facilidade e ficando mesmo a dever mais alguns golos ao poste e a um punhado de boas intervenções de Joubert. Brilhou Coentrão, autor de um segundo tempo de estalo (premiado com um golo de cabeça), mas também Meireles, André Santos e Hugo Almeida. E o resultado só não chegou à meia dúzia (recorde dos confrontos entre estas equipas) porque os portugueses desligaram a ficha a 18 minutos do final. E aí o Luxemburgo adiantou-se e lançou um terceiro debate, à volta do guarda-redes: Rui Patrício ainda fez uma grande defesa que lhe pode servir de passaporte para a baliza em Chipre. Assim o deseje Paulo Bento.

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