4.8.21

NEWS - Ecologia - A Gronelândia e o degelo

Na Gronelândia está a assistir-se ao degelo mais significativo do ano devido ao aumento das temperaturas no Ártico. A quantidade de gelo que derreteu só na terça-feira, 27, seria suficiente para cobrir Portugal com 9,2 cm de água.
Mais de 8,5 mil milhões de toneladas de massa superficial foi o que a Gronelândia – um território dinamarquês entre o Atlântico Norte e o Oceano Ártico – perdeu só no dia 27 de julho. No domingo seguinte, de acordo com o instituto meteorológico dinamarquês (DMI), registou-se uma perda de 18,4 mil milhões de toneladas. Apesar destes números impressionantes, o total da semana não é tão grave como o degelo que ocorreu em 2019 – ano recorde em que 532 mil milhões de toneladas de gelo derreteram.

Segundo Ted Scambos, investigador sénior no Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo da Universidade do Colorado, EUA, citado pela CNN, “no dia 27 de julho, a maior parte da metade oriental da Gronelândia, desde a ponta norte até a ponta sul, derreteu, o que é incomum”, salientando que este degelo é “significativo”.

As alterações climáticas têm provocado um aumento incomum nas temperaturas, com registos de mais de 20 graus no norte da Gronelândia, na última semana, de acordo com o DMI, provocando o que já é o terceiro caso de degelo extremo neste continente, na última década. O fenómeno, que começou na década de 1970, quando começou a notar-se um recuo da calota glaciar da ilha, tem vindo a estender-se mais para o interior do que em toda a era dos satélites, e está a abranger uma área maior.

Num estudo recente publicado na revista científica The Cryosphere, a Terra perdeu 28 mil milhões de toneladas de gelo desde meados da década de 1990, grande parte dela originária do Ártico, incluindo a camada de gelo da Gronelândia. “Na última década, já vimos que o degelo da superfície na Gronelândia se tornou mais severo e errático”, lamenta Thomas Slater, glaciologista da Universidade de Leeds e coautor do relatório.

Apesar de a situação atual na Gronelândia não ser a mais grave de que há registo, “à medida que a atmosfera continua a aquecer na Gronelândia, eventos como o degelo extremo de ontem tornar-se-ão mais frequentes”, realça o glaciologista. Além disso, a água mais quente do oceano também está a derreter a camada de gelo das margens.

Slater explica ainda que, enquanto este fenómeno continuar a acontecer de forma progressiva, as cidades costeiras ficam vulneráveis a enchentes, principalmente quando coincidir com as marés altas e cheias. Este fenómeno de degelo na Gronelândia deve elevar o nível do mar global entre 2 a 10 centímetros, até o final do século, acrescentou.

A solução para inverter a tendência de degelo, de acordo com os cientistas, passa pela diminuição da emissões de gases – que é cada vez maior -, porque, caso contrário, só vai acontecer com cada vez mais frequência.

“Embora tais eventos sejam preocupantes, a ciência é clara”, salientou Slater, concluindo com um incentivo: “Metas e ações climáticas significativas podem ainda limitar o quanto o nível global do mar vai subir neste século, reduzindo os danos causados por graves inundações a pessoas e infraestruturas em todo o mundo.”

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