Homem dobra tecido de seda numa loja do mercado Dong Xuan, em Hanói, Vietnam - Kham/Reuters
2012-12-21
Argentina a ferro e fogo
Dois mortos, dezenas de feridos e mais de 200 detidos. Este é o resultado provisório dos protestos e confrontos com a polícia em várias cidades da Argentina, incluindo a capital Buenos Aires.
Os atos de vandalismo assinalam o 11.º aniversário da queda do Presidente Fernando la Rua, que foi obrigado pelo povo a apresentar a demissão na sequência de várias manifestações e motins, responsabilizado pela terrível crise financeira e económica na qual o país estava mergulhado.
Hoje, cerca de 300 manifestantes, armados com pedras e paus tentaram invadir um supermercado em San Fernando, e a polícia respondeu com balas de borracha e bombas de gás lacrimogéneo.
Em Bariloche, depois das pilhagens ocorridas ontem em supermercados, bombas de gasolina e camiões, a situação voltou aparentemente à normalidade, com a polícia a patrulhar as ruas como num cenário de guerra.
Protestos um pouco por todo o país
Numa conferência de imprensa transmitida pelas televisões, o secretário da Segurança de Rosário - terceira maior cidade do país-, Matias Drivet, disse hoje que a polícia deteve 137 pessoas nas manifestações. Os detidos estão alegadamente envolvidos na pilhagem de armas de fogo e mercadoria diversa em supermercados chineses.
"Nenhuma das vítimas (dois mortos e dois feridos) está relacionada com a ação policial. Em Rosário (província de Santa Fé, a 300 quilómetros de Buenos Aires) foi dada ordem ao chefe da polícia para atuar com elementos dissuasores, sem armas com munições de chumbo", acrescentou Drivet.
O ministro da Segurança de Santa Fé, Raul Lamberto, disse que as pilhagens se registaram na sequência de uma forte tempestade na passada quarta-feira, que deixou algumas zonas da cidade inundadas. No entanto, as zonas mais afetadas não tiveram problemas.
"O mau tempo foi usado para originar vandalismo. Há autores e atores e factos que nada têm a ver com problemas sociais", disse Lamberto. Na cidade de Campanha, a 82 quilómetros de Buenos Aires, foram atacados dois supermercados, uma bomba de gasolina e camiões, com 100 detidos e uma dezena de polícias feridos, disseram fontes oficiais.
As autoridades declararam que a situação está controlada em todos os locais afetados, de acordo com a agência noticiosa espanhola EFE. Em Bariloche, onde 18 polícias ficaram feridos, "a situação está sob controlo", afirmou em comunicado o governador do estado de Rio Negro, Alberto Weretilneck.
"É uma situação gerada por ativistas (...) em alguns casos, pessoas ligadas ao tráfico de droga e ao crime, e em outros, ativistas políticos que estão fora do sistema democrático (...) não há dúvida de que esteva foi planeado e organizado", garantiu.
Depois dos incidentes em Bariloche, a Presidente argentina, Cristina Kirchner, enviou para essa cidade forças de segurança federais, a pedido de Weretilneck.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/argentina-a-ferro-e-fogo=f775510#ixzz2Fij5kc7W
Governo prepara redução salarial (mais ainda!) da função pública
Em Portugal também temos uma troika de opereta; mas cuidado; estes comicos não divertem o Povo!
Os salários da função pública estão novamente na mira do Governo para compensar eventuais derrapagens do défice de 2013, cujo cumprimento envolve um "risco elevado". Este é uma dos "esforços de consolidação adicionais" para garantir cumprimento do ajustamento nos próximos dois anos.
De acordo com o relatório da Comissão Europeia, hoje divulgado, sobre a sexta missão da troika em Lisboa, que decorreu entre 12 e 19 de novembro, "cerca de 80%" do ajustamento de 2013 será feito do lado da receita, uma opção que envolve "riscos", para fazer face aos quais o Governo prepara "medidas de contingência, predominantemente do lado da despesa".
De acordo com o documento, "uma grande parte destas medidas", equivalentes a 0,5% do PIB, "consiste em reduções adicionais na massa salarial e aumento da eficácia do funcionamento da administração pública".
Para cumprir a meta do défice de 4,5% do PIB, o Orçamento de 2013 tem que compensar um "desvio" de 1,5% do PIB justificado com as despesas associadas ao aumento do desemprego e a quebra da receita fiscal e a dissipação do efeito de medidas pontuais de 2012 equivalentes a 1% do PIB. Por isso, "apesar das medidas de consolidação ascenderem a 3,9% do PIB", o seu efeito na redução do défice nominal de 2013 será de "apenas" 0,5% do PIB.
Além disso, a Comissão Europeia alerta ainda que algumas das poupanças previstas pelo Governo para 2013 poderão ser novamente "desafiadas" pelo Tribunal Constitucional. Bruxelas conclui que a manutenção do "percurso de ajustamento orçamental", de 4,5% do défice em 2013 e de 2,5% em 2014 implica "esforços de consolidação adicionais".
Cumprimento do défice de 2012 também em risco
"Risco" é também a palavra-chave no que diz respeito ao cumprimento da meta do défice deste ano, fixada em 5% do PIB. Apesar de defender a sua manutenção, a Comissão vai mesmo ao ponto de admitir que "neste momento é difícil avaliar se a meta do défice pode ser cumprida".
Neste caso, os riscos de incumprimento são "crescentes", devido ao "rápido declínio" registado do lado da receita fiscal e devido às "incertezas" em relação ao tratamento estatístico da concessão da ANA-Aeroportos. A que acresce o facto de algumas das medidas adicionais previstas pelo Governo (nomeadamente a antecipação de medidas previstas para 2013 no âmbito da segurança social, o congelamento de investimentos e despesas, correspondentes a 0,3% do PIB), ainda estar "pendente" e o "impacto pleno" de outras apenas se materializar em dezembro.
Troika culpa Tribunal Constitucional
A Comissão Europeia constata ainda que a tendência de descida das taxas de juro, registada nos primeiros oito meses do ano, registou uma "interrupção temporária" devido à "incerteza" gerada pela decisão do Tribunal Constitucional sobre o pagamento dos subsídios de férias e de Natal da função pública. Mas assinala que as referidas taxas "voltaram a descer recentemente" e atribui parcialmente essa evolução "encorajadora" ao "regresso da estabilidade política e social".
Quanto ao regresso do país aos mercados, Bruxelas pensa agora que a perspetiva de isso acontecer em 2013 "melhorou substancialmente".
No entanto, e pelo menos no que diz respeito às privatizações, este relatório foi ultrapassado pelos acontecimentos, pois continua a referir que a privatização da TAP deve ser "assinada antes do fim do ano".
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/governo-prepara-reducao-salarial-da-funcao-publica=f775448#ixzz2FicCkqch
A imagem do dia 21-12-2012
Image Credit & Copyright: Stéphane Guisard (Los Cielos de America, TWAN)
Credits: D. Flores and B. Pichardo (Inst. Astronomia UNAM), P. Sánchez and R. Nafate (INAH)
Explanation: Welcome to the December solstice, a day the world does not
end ... even according to the Mayan Calendar. To celebrate, consider this
dramatic picture of Orion rising over
El Castillo, the central pyramid at Chichén Itzá, one of the great Mayan
centers on the Yucatán peninsula. Also known as the Temple of Kukulkan it stands
30 meters tall and 55 meters wide at the base. Built up as a series of square
terraces by the pre-Columbian civilization between the 9th and 12th century, the
structure can be used as a calendar and is noted for astronomical
alignments. In fact, the Mayans were accomplished astronomers and
mathematicians, accurately using the cyclic motions of the stars, Sun, Moon, and
planets to measure time and construct
calendars. Peering through clouds in this night skyscape, stars in the
modern constellation Orion the Hunter represented a turtle in the Mayan sky. Tak sáamal.
2012-12-20
Cavaco: o semipresidente de Portugal
O actual Presidente da República transformaria qualquer sistema presidencialista num semipresidencialismo, dada a sua tendência para ser constantemente semi. Cavaco sempre foi um semi político (...). Neste momento é um semirreformado. por um lado, trabalha; por outro, optou por recusar o salário e recebe uma reforma. (...) Que um semipaís possa ser chefiado por um semipresidente acaba por ser uma sorte. A estabilidade política também se faz desta semihomogeneidade.
Ricardo Araújo Pereira, Visão
Viver entroikado, gente que é foda
Calma. A última palavra do título desta crónica é inspirada no genial Caetano Veloso. Disse ele recentemente, a propósito do seu último trabalho, “Abraçaço”, que a bossa nova e alguns músicos e compositores brasileiros são foda.
No Brasil, o significado da palavra, que em Portugal é uma obscenidade, é bem diferente. Segundo indica em segundo lugar o dicionário Houaiss, “foda” é “aquilo que se suporta como dificuldade; dureza”. Popularmente a palavra é também usada para classificar o que é muito bom, surpreendente, que se destaca do demais.
Tome-se pois a palavra no sentido que os brasileiros lhe dão e não como a vulgar ordinarice com que é usada em Portugal. Gente que é foda são, nestes tempos de entroikanço, aqueles que nos surpreenderam. Que nos fizeram cair o queixo de espanto. Por cá, houve dois cidadãos que se destacaram.
O primeiro é Pedro Passos Coelho, um homem que há um ano e meio é um autêntico oceano de surpresas. Andavam no domingo os portugueses à procura de umas prendas baratinhas para o Natal, quando o nosso primeiro resolve criticar os que têm pensões mais altas cujos valores não correspondem ao que descontaram.
Passos respondia aos que criticam a taxa extraordinária de solidariedade, ou seja, um corte nas reformas a todos os pensionistas que ganham mais de 1350 euros. Claro que o pessoal ficou mais uma vez possesso, especialmente aqueles que têm uma pensão de pouco mais de 1300 euros; que descontaram uma vida tudo o que lhes pediram; que deram como boa a palavra de que receberiam o que pagaram na reforma.
Mas Passos não falava para estes, que nem aparecem na televisão no bota-abaixo, como os membros do PSD gostam de dizer. Não, o primeiro falava lá para cima, para os deputados que, quando abandonam o Parlamento, trazem um saco cheios de regalias, para os que passam uns anos no Banco de Portugal e outras instituições públicas e têm direito a reformas milionárias.
O que o nosso primeiro quis dizer e mais uma vez não o entenderam é que, na sua refundação do Estado, vai acabar com todos estes privilégios. Esta gente vai deixar de ter privilégios. Como o próprio Passos disse, vão deixar de receber mais do que descontaram. É a tal “missão histórica” que diz ter em mãos.
Só pode ser esta a sua intenção, porque se não for está a gozar com os portugueses e, para atingir meia-dúzia, a insinuar que milhares andaram a roubar o Estado ao longo dos anos. Passos Coelho não é homem para isso.
Quem também está muito à frente e também não é entendido frequentemente é o presidente do Sporting. Godinho Lopes anda a levar “porrada” por todo o lado por ter feito uma capa do jornal do clube com uma foto que é uma espécie de última ceia.
De facto, assim à primeira vista, aquilo parece um disparate sem paralelo em Alvalade. O presidente do Sporting a meio da mesa, rodeado por 19 atletas do clube das mais variadas modalidades e equipados a rigor. No Sporting é tudo em grande: se na última ceia de Cristo eram 13 à mesa, na do Sporting são 20. Olhando com mais atenção, vê-se então que a maior parte dos copos estão vazios, que existem apenas quatro pratos vazios para os 20 convivas e uma dúzia de peças de fruta espalhadas pela mesa.
Claro que os maldizentes vieram logo afirmar que aquela mesa mostra a miséria em que os “leões” vivem actualmente e que a imagem da última ceia é reveladora do que se vai seguir: o beijo de Judas (em Alvalade existem às centenas) e a crucificação de Godinho.
Perceberam mal. A cabeça de Godinho vai muito à frente. O Sporting é, quase todos os anos, alvo de chacota por chegar ao Natal fora da luta do título de campeão nacional e a presente temporada está a ser a pior de sempre do clube. Vai daí Godinho inventou algo que impeça a troça generalizada. É que nem o maior anti-sportinguista conseguia arranjar uma piada tão má como aquela última ceia leonina e, assim, Godinho passa um Natal descansado, porque aquilo até faz pena.
2012-12-19
Brasil caminha para o racionamento de energia
A falta de chuvas e a má gestão do setor energético nacional fizeram o país chegar a uma situação limite: o Brasil está às portas de um racionamento ou mesmo de desabastecimento de energia elétrica e de gás. O alerta foi dado na última segunda-feira pela Petrobras às federações das indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e São Paulo (Fiesp). Interlocutores da presidente da estatal, Graça Foster, procuraram as duas entidades para pedir ajuda na elaboração de um plano de racionamento tanto para a energia elétrica quanto para o gás. Em reação, a Firjan está pedindo ao Ministério das Minas e Energia que esclareça quais providências está tomando para evitar o pior.
As hidrelétricas brasileiras estão gerando menos energia do que são capazes, porque há pouca água disponível. Os reservatórios estão no nível mais baixo dos últimos dez anos -- apenas 29% do total. A previsão para os próximos meses é de uma quantidade de chuvas menor do que nos anos anteriores. Para evitar apagões, todas as termelétricas do país foram ligadas e estão operando a plena capacidade. Essas usinas podem ser movidas a gás, carvão ou óleo. Dos três, o gás é o insumo mais barato e mais limpa, mas sua oferta no Brasil é finita. Além do produto que vem do gasoduto Brasil-Bolívia, o país ainda importa gás liquefeito, mas a Petrobras está encontrando dificuldades em importar gás para os meses de janeiro e fevereiro, o que obrigaria a estatal a tirar gás dos consumidores industriais para continuar abastecendo as térmicas.
Qualquer aumento de demanda, portanto, pode levar a um racionamento ou desabastecimento. Para a Firjan, a situação é “muito crítica”.
“Estamos na antesala do racionamento. Por isso o pedido de providencias ao governo. A última coisa que queremos é que a atividade industrial seja prejudicada, afetando o crescimento da economia”, diz Cristiano Prado, gerente de competitividade industrial da Firjan. Para o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (Cbie), o mau planejamento da demanda energética agravou as consequências da conjunção climática desfavorável. “Se não tivéssemos esperado tanto para ligar as usinas térmicas à gás, possivelmente não teríamos hoje reservatórios tão baixos. O governo ficou esperando um milagre da chuva que não aconteceu”, explica Pires. Para ele, o governo deixou para acionar as termicas mais tarde porque o custo da energia gerada nessas usinas é maior que o da fornecida por hidrelétricas. Seria, portanto, politicamente inconveniente aumentar o preço da energia em um momento em que o governo protagoniza um embate com as distribuidoras de energia elétrica por uma queda no preço das tarifas.
2012-12-18
As sondas gémeas chocaram (como previsto) contra uma montanha da Lua
Tudo correu como previsto. Às 22h38 da noite desta segunda-feira (hora de Lisboa), a poucos segundos de intervalo uma da outra, duas sondas lunares gémeas da agência espacial norte-americana NASA embateram numa montanha, perto do pólo norte da Lua, à uma velocidade de 6000 quilómetros por hora.
As sondas, baptizadas Ebb e Flow, integravam a missão GRAIL (Gravity Recovery and Interior Laboratory) e tinham sido lançadas em Setembro de 2011 pela NASA. Estavam, desde Janeiro deste ano, a realizar o mapeamento mais preciso de sempre do campo gravitacional de um objecto celeste. E, como foi anunciado na semana passada, produziram o mapa mais detalhado de sempre da crosta lunar, revelando algumas particularidades surpreendentes do interior do nosso satélite natural.
Os dados recolhidos pelas sondas ainda estão a ser analisados e prometem imagens mais finas nos próximos meses. O estudo da estrutura interna da Lua deverá permitir perceber melhor a formação e a evolução dos planetas rochosos do sistema solar, como a Terra ou Marte.
As sondas, que se encontravam inicialmente em órbita a 55 quilómetros de altitude, tinham descido para os 22 quilómetros no fim do Verão. E, na passada sexta-feira, começaram a aproximar-se cada vez mais da superfície, numa autêntica missão-suicida programada.
A razão para estas manobras radicais é simples: “A NASA queria descartar qualquer hipótese de as nossas gémeas acabarem por se estatelar perto do locais históricos da exploração lunar, como os locais de aterragem das missões Apolo ou das sondas russas Luna”, disse em comunicado David Lehman, principal responsável pela missão GRAIL.
As sondas iriam forçosamente cair na Lua devido à baixa altitude e ao baixo nível de combustível. Mas antes da manobra – que consistiu, nas últimas horas da operação, em accionar os motores para as colocar na posição certa –, elas tinham, segundo os cálculos efectuados, “sete chances num milhão de cair [num desses locais]”. A seguir à operação, “essa probabilidade caiu para zero”, salienta o mesmo responsável.
A NASA anunciou que o local da colisão foi baptizado "Sítio de Impacto Sally K. Ride", em homenagem à primeira mulher astronauta norte-americana, que também integrava a equipa da missão GRAIL e que morreu no passado mês de Julho.
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