24.11.11

A segunda morte de Aristides de Sousa Mendes

casa do passal
"Conheci" indirectamente Aristides Sousa Mendes porque fui funcionario no consulado de Portugal em Bayonne (que dependia na altura do consulado-geral em Bordéus); era então vice-cônsul o Sr. Manoel Vieira Braga que viria a ser o meu superior.
Quando do encerramento desse consulado, em 2004,  "descobri" tesouros: livros de inscrições consulares, arquivos historicos, vistos concedidos... e um, em especial, atraiu a minha atenção; era um visto concedido - à revelia de Salazar - pelo Cônsul Aristides Sousa Mendes a "M. De Hautecloque",  que viria a ser conhecido pelo "Marechal Leclerc", heroi da libertação de Paris na segunda guerra mundial.
05-01-2012 - JMIRA  

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A foto: residência do diplomata Aristides de Sousa Mendes e serviu de abrigo a milhares de pessoas perseguidas pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial. O palacete romântico, construído na segunda metade do século xix, está em risco de ruir devido a uma guerra pela presidência na fundação com o nome do diplomata.
Actualmente, a Casa do Passal pertence à Fundação Aristides Sousa Mendes, está classificada como monumento nacional, desde 3 de Março de 2011, mas está ao abandono e ameaça ruir por completo caso não sofra obras a curto prazo. São necessárias uma cobertura provisória e várias medidas de estabilização estrutural para que o monumento em Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, permaneça de pé. Os dois projectos já existem, desde 2010, por iniciativa do engenheiro Vítor Cóias, presidente do Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico (GECoRPA), e foram entregues à Câmara de Carregal do Sal, estando mesmo aprovados pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR). Falta avançarem no terreno: “Em 2000, por iniciativa de Jaime Gama, então ministro dos Negócios Estrangeiros, constituiu-se a Fundação Aristides de Sousa Mendes. A Casa do Passal passou a pertencer à freguesia, mas, “durante dez anos, o primeiro conselho de administração da fundação, de que fazia parte a Câmara Municipal, não fez nada pelo edifício, o que o conduziu ao actual estado de degradação, perfeitamente deplorável”, conta ao i Sousa Mendes, neto do cônsul de Bordéus.
Em 2005, com a morte do tio de Sousa Mendes, primeiro presidente do conselho geral, deveria ter sido iniciado um processo de eleição pela família. Só em 2008 a “família desencadeou o processo, de que resultou a minha eleição por unanimidade”, esclarece o engenheiro. O problema surgiu quando os membros do anterior conselho não reconheceram este processo e, cerca de dois anos mais tarde, em Outubro de 2010, Sousa Mendes viu-se forçado a iniciar as suas funções e a destituir o presidente da fundação: “Este ano, a teimosia dos anteriores membros subsistiu. Não permitiram o nosso acesso às instalações, à contabilidade e restantes elementos de gestão, o que tem dificultado a nossa acção. Os pedidos de colaboração que enviámos à câmara não têm tido resposta”, lamenta.
Ao i, Atílio Santos Nunes, presidente da Câmara de Carregal do Sal, sublinha que não reconhece Sousa Mendes como presidente da fundação: “Ele apenas quer o dinheiro da câmara”, acusa. Quando questionado sobre o porquê de não dar uma resposta ao neto do cônsul, Atílio Santos Nunes responde peremptoriamente: “Porque não merece resposta.”
No dia 3 de Março deste ano, o Conselho de Ministros aprovou um decreto onde criava oito monumentos nacionais, incluindo a Casa do Passal, numa altura em que o edifício já necessitava de obras. Sousa Mendes e Maria do Carmo Vieira, também da fundação, criaram uma petição em defesa da restruturação do edifício, que conta já com a assinatura de nomes como D. Januário Torgal Ferreira, Pedro Mexia, Rui Zink, Carlos Fragateiro, Santana Castilho, Teolinda Gersão, Pedro Tamen ou António Barreto. “Aristides de Sousa Mendes é um exemplo que me ilumina”, afirma Inês Pedrosa, escritora e uma das subscritoras do documento para defesa da Casa do Passal.

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