23.12.19

Texto : "Dia horroroso"



Depois de ver o dia artificial e tédiamente prolongado, ouvi chuva.

Miudinha ; senti a corrente de ar da queda da folha de outono.

Vi aproximar-se a noite, anunciando horrorosos pesadelos e alucinações.

Ainda talvez por pouco tempo oculta, ameaçando aproximar-se do esconderijo protector mas deixando chegar ameaças e pavores indiscritiveis.

Perdi-me então. Entrei em pânico ; procurei a minha companheira... 

Como se ela ali permanecesse, mas não... ! Estava absolutamente só...

O meu espírito já não tinha raciocínio para qualquer reconforto. 

Cai em estado letárgico. O relógio marcava duas da manhã. 

Abri a janela e deparei com um céu escuro de breu, violentas rajadas de vento. 

A lua tremente tentando equilibrar-se entre nuvens escuras passando rapidamente no horizonte, com pressa, decerto, de irem para sitio mais aprazível.

O pressagio de antemão transformado em ideias cinzento-escuras tinha-me advertido da chegada do dia mais horrível da minha vida. E é facto : perder subitamente a pessoa amada, mãe dos filhos, avo, amiga de tantos seres... é demais !

*Arranquei todos os fios que me ligavam à cama de hospital e fui a pé buscar a Julinha ao hospital do sofrimento onde se encontrava. Levei-a comigo para o meu quarto e adormecemos.

Acordei em sobressalto às 11 da manhã. A Júlia dormia na sua cama ao meu lado. 

Não me respondeu, fui rapidamente à casa de banho passar a cara por agua e 

Regressei ao quarto. O meu "bebé" continuava a dormir impávido. 

Não, não estava a sonhar, mas, no dia seguinte, de madrugada, a Julinha rumou ao Céu.

* Isto foi o sonho que tive 24 horas antes de 3/12-2019 - 5,20 h.

23-12-2019
JoanMira