Depois de ver o dia artificial e tédiamente prolongado, ouvi chuva.
Miudinha ; senti a corrente de ar da queda da folha de outono.
Vi aproximar-se a noite, anunciando horrorosos pesadelos e alucinações.
Ainda talvez por pouco tempo oculta, ameaçando aproximar-se do esconderijo protector mas deixando chegar ameaças e pavores indiscritiveis.
Perdi-me então. Entrei em pânico ; procurei a minha companheira...
Como se ela ali permanecesse, mas não... ! Estava absolutamente só...
O meu espírito já não tinha raciocínio para qualquer reconforto.
Cai em estado letárgico. O relógio marcava duas da manhã.
Abri a janela e deparei com um céu escuro de breu, violentas rajadas de vento.
A lua tremente tentando equilibrar-se entre nuvens escuras passando rapidamente no horizonte, com pressa, decerto, de irem para sitio mais aprazível.
O pressagio de antemão transformado em ideias cinzento-escuras tinha-me advertido da chegada do dia mais horrível da minha vida. E é facto : perder subitamente a pessoa amada, mãe dos filhos, avo, amiga de tantos seres... é demais !
*Arranquei todos os fios que me ligavam à cama de hospital e fui a pé buscar a Julinha ao hospital do sofrimento onde se encontrava. Levei-a comigo para o meu quarto e adormecemos.
Acordei em sobressalto às 11 da manhã. A Júlia dormia na sua cama ao meu lado.
Não me respondeu, fui rapidamente à casa de banho passar a cara por agua e
Regressei ao quarto. O meu "bebé" continuava a dormir impávido.
Não, não estava a sonhar, mas, no dia seguinte, de madrugada, a Julinha rumou ao Céu.
* Isto foi o sonho que tive 24 horas antes de 3/12-2019 - 5,20 h.
23-12-2019
JoanMira