Um velhote solitario
e triste, debaixo de uma bananeira inventada, deixando escorrer as
suas magoas, mirando as arvores do seu quintal, murmurava com
desgosto :
Tu cerejeira, vai-te
embora, vai ter com o teu Salazar,* pôe-te a milhas não te quero
ver mais ; és traiçoeira : as tuas pernadas brisam-se sob
os pés ; quantas vezes cai !
Tu, limoeiro meu
amigo, vais dar muitos frutos que não chegarei a ver...
A figueira queria
dizer : so espero que não fiques choxa ; seria uma pena, o
teu figo é delicioso.
Tu nespereira,
sempre me traiste ; eu tratava de ti e tu davas os frutos aos
pardais ; e eles, claro, não se faziam rogados, comiam tudo e
não diziam nada ! Como retaliação vais ser arrancada e dada a
terceiros...
Enfim, tu oliveira,
a minha paixão ; retirei-te da sombra ; agora tens o dia
inteiro lugar ao sol permanente que mereces. Ha quem te chamou
« azeitoneira », pouco importa. Amo-te e como sei que
viveras tempos imemo riais, ficaremos Amigos para a Eternidade.