2011-12-03

Diz o "Notas Verbais" - Paulo Portas falou e pouco disse

 
Sim, ouvimos o que Paulo Portas disse sobre a questão da revisão dos tratados, pedra lançada por Merkel e Sarkozy para os telhados dos outros e que David Cameron recusa. Paulo Portas falou da necessidade de haver consenso, mas consenso quanto a quê e sobre o quê? Falou do circunstancial, omitiu o essencial.

2011-12-02

«Europa está moribunda, está a morrer»

caricatura Durão Barroso Presidente Comissão Europeia
 
O bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, disse, esta sexta-feira, que a actual crise que se vive na Europa é a prova de que o Velho Continente está «a morrer».

Segundo o clérigo, «a Europa está em agonia, está moribunda. É preciso chamar alguém que lhe dê os últimos sacramentos».

Veja o desenvolvimento da notícia na Agência Financeira

Comunidades: Conselho consultivo escreve carta ao MNE com alternativas ao fecho do vice-consulado de Frankfurt

Lisboa, 02 dez (Lusa) – O conselho consultivo do vice-consulado de Frankfurt defende, em carta aberta enviada hoje ao ministro da tutela, ser preferível despromover consulados, reduzir subsídios e atualizar a tabela de emolumentos do que manter a decisão de encerrar o posto.
De acordo com a carta, assinada pelo porta-voz do conselho consultivo, António da Cunha Duarte Justo, “há alternativas ao encerramento de vice-consulados” que passam por “despromover consulados e consulados-gerais para vice-consulados”, “controlar a produtividade dos postos consulares” ou “poupar nas instalações”.
Além disso, acrescenta, podem reduzir-se os subsídios mensais de representação e de residência a metade e atualizar os preços dos emolumentos.
"Reduzam-se imediatamente os subsídios mensais de representação e de residência em 50 por cento", refere o porta-voz, considerando que "7.000 euros de subsídio de representação mensal para um senhor cônsul é um escândalo".
Por outro lado, considera, é preciso atualizar os preços dos emolumentos, já que "certidões de nascimento e casamento em Portugal custam 20 euros e na tabela consular continuam a custar 16,50 euros".
Para este conselho consultivo, Frankfurt é um “lugar estratégico e único” que não deve encerrar, até porque “a desconsideração será tomada como símbolo de negligência da economia portuguesa e base de desmotivação para jovens portugueses de espírito inovador”.
Face à necessidade de cortar despesas e se é preciso alterar a situação na Alemanha, a solução é “despromover consulados e consulados-gerais, racionalizar custos de instalações e pessoal”, refere ainda.
“Frankfurt é a capital não só financeira como também económica da Europa" e o local "onde estão o maior número de consulados estrangeiros. O vice-consulado de Frankfurt serve também 30.000 portugueses em três Estados federados na Alemanha: Hessen, Renânia-Palatinado e Sarre”, escreve o porta-voz.
“Também relativamente à evolução do comércio externo de Portugal, Frankfurt será crucial para o investimento estrangeiro e para a sede das empresas portuguesas”, acrescenta na carta enviada a Paulo Portas, lembrando que é nessa cidade que está sedeada a Federação dos Empresários Portugueses na Alemanha, as feiras e o Banco Central Europeu.
O Governo anunciou em novembro que vai encerrar sete embaixadas, quatro vice-consulados e um escritório consular para poupar 12 milhões de euros em 2012 e possibilitar a abertura de novas embaixadas na Ásia e América Latina.
Na altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que a jurisdição do vice-consulado de Frankfurt passava para Estugarda, decisão que já levou à realização, a 5 de novembro, de uma manifestação com cerca de mil pessoas e na qual foi sugerida uma ocupação simbólica do vice-consulado, manifestações em cadeia e abaixo-assinados para entregar à Presidência da República.
PMC.
Lusa/Fim

Porque é que Portugal fecha consulados?

STCDE
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Opinião do Dr. Miguel Reis

Quando é generalizada a convicção de que estamos a assistir à maior vaga de emigração de portugueses após o 25 de Abril de 1974, Portugal continua a encerrar consulados que integram a sua débil estrutura de representação no estrangeiro.
...
...
Os consulados são um negócio altamente lucrativo para o Estado.
Mas não há nenhum negócio que possa ter lucros se lhe abarbatarem as receitas.
...
Ora, o que acontece é que todos os recursos gerados pelos consulados são, literalmente, «desviados» para uma outra entidade, que satisfaz outros interesses, que não são os dos utentes.
 ...
Os sucessivos governantes, que têm passado pelo MNE, têm-se portado, unanimemente, como uns «castrati», incapazes de pôr termo a esta pouca vergonha.
Se o fizessem e pusessem termo ao desvio das verbas dos consulados, talvez não tivessem que os fechar.

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2011-12-01

Paulo Portas não aceita assaltos a Embaixadas



«O governo português chamou ontem (quarta-feira) o embaixador do Irão em Lisboa ao Ministério dos Negócios Estrangeiros para lhe expressar tão claro como água que, do ponto de vista do Governo português, assaltar embaixadas ou sequestrar diplomatas não é uma prática apropriada ou aceitável numa comunidade civilizada de estados», declarou Paulo Portas, em Bruxelas, à margem da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia.
O chefe da diplomacia de Portugal apontou que «quando embaixadas ou embaixadores ou pessoal diplomático são atacados num determinado país, isso viola um princípio essencial, que é secular, e que está protegido pela Convenção de Viena».
«Mesmo nas situações de maior tensão internacional, é preciso que a segurança das embaixadas esteja protegida e que a liberdade de circulação do pessoal diplomático esteja garantida. É através das embaixadas e dos diplomatas que os Estados falam uns com os outros, e, portanto, quando se permite o ataque a uma embaixada ou o sequestro de diplomatas, o que se está a permitir é a privação do relacionamento entre Estados», sustentou.
Portas garantiu que «pela parte de Portugal, essa nota foi transmitida ao embaixador de Teerão em Lisboa».
Dezenas de manifestantes atacaram, ocuparam e saquearam na quarta-feira a embaixada britânica em Teerão, exigindo o seu encerramento.

Video - Hino da Restauração da Independência de Portugal


"Hino da Restauração" - Elvas

Diz, com muita piada, o Daniel Oliveira - "Os tampões de Américo Amorim"


Sabíamos que o homem mais rico de Portugal não era rico. Era apenas um trabalhador, nas suas próprias palavras. As Finanças foram ver as contas deste humilde trabalhador - o mesmo que, ainda a crise não tinha a começado, já estava a fazer despedimentos preventivos nas suas empresas - e descobriu umas irregularidades. Quer-lhe cobrar mais 750 mil euros de IRC. E ele, claro, que é apenas um trabalhador, recusa-se a pagar.
Parece que os Serviços de Inspeção da Direção de Finanças de Aveiro descobriram centenas de milhões de euros em despesas pessoais na empresa Amorim Holding2. Entre elas, viagens da família a destinos turísticos, massagens, contas de mercearia e tampões higiénicos que, só não sabe quem não passou por isso, são fundamentais para o desempenho profissional de Américo Amorim. Na empresa mãe deste simples trabalhador encontrou 3,1 milhões de despesas indevidas.
Quero manifestar aqui a minha solidariedade com Américo Amorim. É escandaloso que, com tanta gente rica a fugir aos impostos, vão atrás da arraia miúda. E nada escapa a este espírito pidesco. É que um homem nem pode passar por dias difíceis? Diz-se que os artigos de higiene feminina que usou para fugir ao fisco são de boa qualidade quando não se sentem e não se veem. É como os impostos do senhor Amorim: ele não os sente e nós não os vemos.
Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/-os-tampoes-de-americo-amorim=f691063#ixzz1fFETaUXd

METAFONIA ESTÚPIDA

Vão haver acórdos, dissestes bem

Três erros, um talvez menos grave do que os outros, mas todos ferindo um qualquer ponto sensível da nossa alma. Com raiva. Porque são constantes, os media utilizam, as pessoas repetem a cada passo, brinca-se na revista com os dislates de cariz popular ajavardantes, e os erros gramaticais vão-se insinuando cada vez mais fundo na língua, a ponto de pessoas com responsabilidade intelectual os utilizarem.
Perdoa-se facilmente o calão, é até “porreiro” e muito “bem” usá-lo, mas certos erros de acentuação ou de morfologia dão imediatamente a noção de deficiente estudo gramatical na escola, de falta de leitura, da permissividade ao erro como estratégia pedagógica.
É o caso do plural “acordos” cuja sílaba tónica tenho ouvido tantas vezes com o aberto. De facto, há em português inúmeras palavras que alteram no plural o timbre da vogal tónica, caso de “ôsso”/“óssos”, “sôgro”/“sógros”, “jogo”/“jógos”. A esse fenómeno fonético se chama “metafonia”, e, para amenizar a leitura destas notas, lembro António Gedeão, e a primeira estrofe da sua “Impressão Digital”, expressiva do conceito de relatividade próprio da diversidade humana: “Os meus olhos são uns olhos. / E é com esses olhos uns / Que eu vejo no mundo escolhos / onde outros com outros olhos / Não vêem escolhos nenhuns.” No exemplo citado, a sílaba tónica do plural das palavras olho e escolho, pronuncia-se com o aberto.
O mesmo não acontece com o plural de acordo, piolho, bolo, namoro, piloto, estojo, etc. Há imensos exemplos de excepção à regra da metafonia, como se pode ver, por exemplo, na gramática de Celso Cunha e Lindley Cintra (“Nova Gramática do Português Contemporâneo”). Mas enquanto ninguém pensa em abrir o o tónico no plural de repolho, de lobo, de estojo, mais os outros exemplos citados, com o danado do “acordo” até advogados lhe abrem o o tónico no plural: acórdos. Não é. É acôrdos, acôrdos, acôrdos, irra! acôrdos!
Os outros casos são constantes, ainda hoje ouvi na TVI o “vão haver” da nossa melancolia. Porque haver, significando existir, é um verbo impessoal, tal como nevar, chover, saraivar que ninguém pensa em conjugar nas várias pessoas, a não ser por metáfora: “vai haver”, “houve”, “haverá”, “há”, haja”, houvesse, “houver” ... ocasiões, factos, dias, tempestades, o que for, que esteja no plural, que serve de complemento directo e não de sujeito. É um verbo sem pessoa, sem sujeito, fica sempre no singular, como o il y a francês, il pleut, il tonne... É indigno esse erro!
Bem assim a segunda pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo, que nunca leva s, ao contrário dos outros tempos verbais, com o s de proveniência latina: tu comes, tu estavas, tu dirás, queiras tu se puderes.... Resulta de um tempo latino do sistema do perfeito que não leva s na segunda pessoa do singular: fecisti > fizeste; fuisti > foste; dedisti>deste; amavisti> amaste.
E já agora: Na segunda pessoa do plural do mesmo pretérito perfeito, ao contrário de outros tempos verbais em “eis” (fazeis (vós), fazíeis, fizéreis, fareis, faríeis, fizésseis não é -steis- (vós) amásteis, fizesteis, comesteis, dançásteis, fôsteis, etc, mas (vós) amastes, fizestes, partistes, fostes, na segunda pessoa do plural, de sujeito vós (Latim amavistis, fecistis, fuistis...)
Como é possível que não se insista em combater estes erros e tantos outros no ensino básico?
A língua é algo de precioso que deveríamos cultivar com amor e não acanalhar como fazemos constantemente. Merece o nosso respeito, segundo os acordos com o fechado que devíamos aprender todos, tal como bebemos o leite materno da infância. Mesmo que os vamos adaptando aos acordos linguísticos próprios da evolução das línguas, ou dos interesses políticos, que, todavia, deverão preservar o bom senso e o bom gosto em função de valores como a decência. Se é que esta ainda conta.

Hino da Restauração - O "Notas Verbais" lembrou-se, e nos reproduzimos

Letra & Música


Hino da Restauração (1640)

Portugueses celebremos
O dia da Redenção
Em que valentes guerreiros
Nos deram livre a Nação.

A Fé dos Campos de Ourique
Coragem deu e valor
Aos famosos de Quarenta
Que lutaram com ardor.

P'rá frente! P'rá frente!
Repetir saberemos
As proezas portuguesas.

Ávante! Ávante!
É voz que soará triunfal
Vá ávante mocidade de Portugal!
Vá ávante mocidade de Portugal!

Lido no "Ladrão de bicicletas" - Bertolt Brecht

Elogio da Dialéctica

A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos

Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nós
De quem depende que ela acabe? Também de nós
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã.


Bertolt Brecht