3.11.12

O Governo Passos Coelho não é mau: é ridículo!

É oficial: este Governo não é mau - é muito mau. É simplesmente...ridículo. Ontem, mais um episódio abalou a credibilidade do Governo liderado por Passos Coelho. Afinal, o Governo solicitou ajuda à troika para definir e executar medidas de redução da despesa. Leu bem, caro leitor: o Governo - que se diz sempre muito competente e ciente do rumo político que está a seguir - teve de pedir o obséquio aos senhores da troika (em especial, do FMI) para virem cá a Portugal ensinar os senhores ministros a cortarem com as apelidadas "gorduras " do Estado. Este pedido de socorro é um erro político brutalíssimo. Quer na forma, quer no conteúdo. Vejamos porquê:
Na forma, ninguém sai bem na fotografia: nem o Governo, nem os senhores das "pastinhas" da troika. Porquê? Por um lado, Vítor Gaspar afirma que já tinha anunciado o auxílio há uma semana; os senhores da troika revelaram que, afinal, se trata de uma visita normal e habitual. Não é nenhuma visita extraordinária. Que grande trapalhada! Alguém está a tentar iludir os portugueses. E, parece-me, que o mais interessado em que os portugueses não saibam toda a verdade sobre este (mais um!) triste episódio é o Governo. Para já, ninguém se lembra do anúncio de Vítor Gaspar (deve ter sido mais um estimulante passo das suas sempre dinâmicas conferências); em segundo lugar, se o objetivo era mandar vir os senhores da troika para definir as políticas de redução da despesa, cumpre perguntar ao Ministro das Finanças a razão pela qual adiou, até ao último momento, a entrega do Orçamento de Estado para o próximo ano. Os leitores estão certamente recordados que a justificação dada foi a de que o Governo se encontrava a estudar novas formas de redução da despesa que pudessem atenuar os sacrifícios, impostos aos portugueses, para aumentar a receita. Afinal, mais uma vez, o Governo montra um teatro mediático, mas depois os seus membros não têm experiência, tacto político, nem criatividade para definir e executar medidas. Os membros do Governo converteram-se, definitivamente, em burocratas ao serviço da troika. Em vez de defender os interesses nacionais, Passos Coelho é o chefe de repartição que presta contas à sua empregadora trika, Angela Merkel, Lda;
Por outro lado, como é que esta notícia foi divulgada? Através do circuito que há muito que vem fazendo escola entre os membros do Governo. Qual é esse circuito? Um dos membros do Governo - porventura, Miguel Relvas ou um dos seus assessores - liga para Marques Mendes; Marques Mendes comunica o facto no seu espaço de comentário semanal na TVI -e, no dia seguinte, o jornal SOL desenvolve a "boa nova" do Governo. Esta é invariavelmente a estratégia de comunicação do Governo;
Quanto ao conteúdo, importa perceber por que razão decidiu o Governo chamar a troika. Aparentemente é estranho: para concretizar a sua principal promessa eleitoral, Passos Coelho precisa da ajuda de uma entidade externa. A vinda da troika, a pedido do Governo, é, pois, a confissão implícita e inequívoca da total incapacidade do Governo para enfrentar os desafios que se impõem ao nosso país. Como Passos Coelho percebeu - corretamente? - que a aplicação de tais medidas poderá ser bastante impopular, gerando uma contestação popular bastante significativa, a presença da troika permitirá ao Governo desresponsabilizar-se: a autoria das medidas, em caso de insucesso, será sempre das entidades externas. Em caso de sucesso, Passos reivindicará o sucesso para si. A chamada da troika tem, pois, a finalidade de desresponsabilização política do Governo. Passos Coelho agarrou-se à troika como se fosse uma vassoura que sustenta as suas (péssimas) políticas - e agora apenas foi coerente. Portugal, neste momente, é governado pela troika. Uma sugestão para reduzir a despesa: comecem a demiitir os Ministros e os elementos das equipas ministerais. Como não estão a fazer nada - delegaram aparentemente a definição das medidas de redução da despesa na troika, tal filho assustado que corre para o colo do pai -, poupa-se dinheiro e paciência aos portugueses.

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