7.11.13

Germanizacão da Europa, os neonazis e...O regresso do Escudo?

"Não há Mapa Cor-de-Rosa", assim se chama o mais recente livro de José Medeiros Ferreira, a que deu o subtítulo "A história (mal)dita da integração europeia". Professor e investigador de História e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional, Medeiros Ferreira apresentou o livro ao fim da tarde de ontem, na Livraria Almedina, em Lisboa.
Para o autor, "a política da troika", pelo menos na Grécia e em Portugal, e de certa maneira também na Espanha, "visa a obtenção de efeitos muito precisos". Ou seja, assegurar que "as condições da permanência" daqueles países no euro "sejam semelhantes às eventuais condições de saída".
Medeiros Ferreira disse que se está a verificar o que chamou de "regresso clandestino do escudo", a par da existência do euro. Disse mesmo que "já há duas moedas" em circulação "na sociedade portuguesa". Uma, que chamou de "moeda fraca, é a que serve para pagar os salários da função pública, as pensões e outras prestações da segurança social"; ao mesmo tempo que há "uma moeda forte, que é a que circula no sistema bancário".

"Nunca perdemos uma negociação em Bruxelas"


Medeiros Ferreira, que enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros preparou e formalizou o pedido de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, em 1977, criticou a forma como o país viria a entrar na CEE, em janeiro de 1986. "Portugal não podia ter bons resultados pela maneira inerte e passiva como entrou, sem um plano e uma estratégia próprias, sem qualquer pensamento crítico".
Ironizou com "a tese do bom aluno", propagada durante anos pelo que designou de "cavaquismo governamental". E brincou, ao seu estilo, com a ideia, sistematicamente divulgada pelos vários Governos, segundo a qual "nunca perdemos uma negociação em Bruxelas, mesmo quando eram dirigidas quase por anónimos..."
Criticou em particular a forma de entrada de Portugal no espaço da moeda única, bem como a taxa de conversão, sobrevalorizada, do escudo à moeda europeia.
Evocou a sua passagem pelo Parlamento Europeu. "Quando cheguei, todos os africanistas portugueses tinham passado a ser europeístas... Tinham perdido qualquer sentido crítico" sobre a construção da Europa e o papel de Portugal, "mas conservavam a mesma mentalidade", disse.

"Analogia gritante" com plano nazi de germanização da Europa


Com a chancela das Edições 70, o livro de Medeiros Ferreira foi apresentado por Pedro Lains, especialista em história económica, que distinguiu o professor universitário do ministro dos Negócios Estrangeiros. "É o historiador que escreve este livro, e não o protagonista". O resultado "é uma "História com H grande da integração europeia com i pequeno".
Lains sublinhou que, ao longo da sua história, Portugal precisou quase sempre "de financiamento externo". Uma constatação que o levou a dizer que "a ideia que agora se pretende inculcar que o país vive acima das suas possibilidades é um grande disparate".
Referindo-se detalhadamente ao capítulo 7 do livro, sobre o plano nazi para a germanização da Europa durante a II Guerra Mundial, Lains acentuou que "no centro desse plano estava a economia alemã, que gerava desequilíbrios na Europa".
Dando um salto no tempo, e falando sobre a atual situação da União Europeia, o historiador reconheceu que "a comparação é muito dura de se fazer", sobretudo porque "há aqui uma analogia gritante".

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